CNN é considerada culpada de difamar veterano dos EUA que ajudou pessoas a deixar Afeganistão
Um júri da Flórida decidiu que a emissora de televisão CNN é responsável por difamar um veterano da Marinha dos Estados Unidos que ajudou a tirar pessoas do Afeganistão depois que os militares norte-americanos se retiraram do país, em 2021.
O júri formado por seis pessoas decidiu que a CNN precisa indenizar o homem em 5 milhões de dólares. Haverá uma segunda fase do julgamento, para determinar indenizações punitivas. O veredicto veio após duas semanas de sessões no tribunal estadual de Panama City, na Flórida.
Um representante da CNN afirmou que a rede não comentaria o tema até que o júri decida sobre as indenizações punitivas.
Zachary Young processou a CNN em 2022, acusando a unidade da Warner Bros Discovery de destruir a sua reputação no programa "The Lead with Jake Tapper", rotulando-o como um aproveitador que explorava afegãos desesperados cobrando taxas exorbitantes.
A CNN defende a publicação e nega que tenha difamado Young, embora a rede tenha dito, em março de 2022, que se arrependia de ter usado o termo "mercado negro" para se referir ao seu trabalho.
O processo envolve a função de Young como consultor de segurança, ajudando empresas e instituições de caridade a retirar pessoas do Afeganistão depois que o Taliban retomou o controle do país após a caótica retirada dos militares dos EUA.
No programa, a CNN disse que "afegãos desesperados" tentando escapar do país estavam sendo "explorados" com taxas "exorbitantes" e "impossíveis" cobradas para tirá-los do território.
O trecho focalizou Young, mostrando seu nome e foto com uma legenda que dizia que as pessoas que tentavam deixar o país sofriam com o perigoso "mercado negro".
"A soma e a substância do trecho afirmam e sugerem que Young traficou retiradas diretamente com cidadãos afegãos, que explorou cidadãos afegãos, que vendeu a eles bens e serviços ilegais no mercado negro", alegou Young no processo.
Os advogados de Young disseram que a caracterização da CNN sobre seu trabalho como ilegal ou explorador era falsa, e que ele disse repetidas vezes à emissora que apenas trabalhava com empresas e organizações não governamentais para ajudar pessoas a deixarem o país. Os altos preços cobrados eram fruto da grande demanda, disse.
Young afirmou que o programa destruiu sua reputação e carreira, causando depressão e ataques de pânico e impedindo-o de ganhar milhões de dólares em renda.
Para vencer o processo, Young teve que provar que a CNN sabia ou deveria saber que sua reportagem era falsa, mas a publicou mesmo assim. Ele também pediu indenizações punitivas, que visam punir os réus, exigindo que Young provasse que a CNN pretendia prejudicá-lo.
O processo foi a julgamento depois que um juiz rejeitou a tentativa da CNN de arquivar o caso e permitiu que Young buscasse danos punitivos e indenizações, uma decisão confirmada por um tribunal de recursos.