Cólera irrompe em meio a fome e doenças de sobreviventes de ciclone na África
Casos de cólera foram reportados nesta sexta-feira na cidade moçambicana de Beira, acrescentando um risco de doenças mortais para as centenas de milhares de pessoas que já sofrem com a escassez de abrigos, alimento e água na esteira de enchentes catastróficas no sul da África.
"Há uma preocupação crescente de grupos humanitários de potenciais surtos de doenças no local", disse a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC).
"Alguns casos de cólera já foram relatados em Beira, assim como um número crescente de infecções de malária entre pessoas atingidas pelas enchentes", informou a entidade em comunicado.
O ciclone Idai se abateu sobre Beira, cidade portuária de 500 mil habitantes, com ventos fortes e chuvas torrenciais na semana passada e depois seguiu rumo ao Zimbábue, onde derrubou casas e inundou comunidades, e ao Maláui.
A tempestade matou 242 pessoas em Moçambique e 259 no Zimbábue, e acredita-se que os números aumentarão, disseram agências de socorro. No Maláui, 56 pessoas foram mortas pelas chuvas intensas antes da chegada do Idai.
O cólera se dissemina pelas fezes em água ou comida contaminada pelo esgoto, e epidemias podem se desenvolver rapidamente se os sistemas de saneamento forem prejudicados - podendo matar em horas se não for tratado.
Sobreviventes se reuniam em campos informais e autoridades de saúde alertavam para o perigo do cólera e outras doenças. A diretora-executiva do Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas (Unicef), Henrietta Fore, disse que a situação é crítica, já que não há eletricidade ou água corrente.
"Centenas de milhares de crianças precisam de ajuda imediata", explicou, estimando que 1,7 milhão de pessoas tenham sido afetadas pela tempestade.
No vilarejo de Guara Guara, cerca de 45 quilômetros de Beira, o governo montou um campo improvisado para pessoas resgatadas nos arredores, mas com pouca água e nenhum banheiro.