Colômbia deve fazer mais para impedir recrutamento de crianças por grupos armados, diz ONG
O governo da Colômbia deve aumentar os esforços para impedir que grupos armados recrutem crianças enquanto pressiona pela paz e por acordos de rendição com rebeldes e gangues criminosas, disse o think tank Grupo de Crises Internacionais nesta sexta-feira, alertando que o recrutamento está aumentando.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, fez da chamada "paz total" -- um fim a quase seis décadas de conflito no país, com centenas de milhares de mortos -- um objetivo fundamental de seu governo.
Embora a violência tenha diminuído após o cessar-fogo com quatro grupos armados ilegais, essas organizações estão usando esse espaço para se recuperar a fim de se consolidar ainda mais em comunidades em todo o país, disse o grupo em um relatório, inclusive por meio do recrutamento de menores.
"Ao que tudo indica, o recrutamento aumentou desde o anúncio da política de paz total", disse Elizabeth Dickinson, analista sênior da entidade para a Colômbia, à Reuters.
O recrutamento de menores permite que os grupos armados aumentem seu poderio militar e reduz a resistência das famílias e amigos das crianças, que esperam que um dia possam retornar, disse o relatório.
Crianças de até 12 anos estão "sendo enviadas para a linha de frente do combate", disse o relatório, citando entrevistas com moradores, grupos de direitos humanos e oficiais militares.
O escritório do alto comissário do governo para a paz não respondeu a um pedido de comentário.
Mais de 16.000 menores foram recrutados por grupos armados na Colômbia entre 1985 e 2019, segundo um relatório do ano passado da comissão da verdade do país.
Mas a comissão disse que esse número deve ser baixo e estimou que o número real pode ser superior a 40.000.
A agência de bem-estar infantil da Colômbia (ICBF) documentou 1.166 casos de recrutamento de crianças desde 2016, mas a ONG disse no relatório que esse número também foi subestimado.
O ICBF disse em resposta ao relatório que está ciente de um aumento sustentado no recrutamento de menores nos últimos anos e viu um aumento de 141% entre 2021 e 2022 na necessidade de seu programa de intervenção de recrutamento.
Pelo menos 70 menores foram recuperados pelos militares da Colômbia durante os primeiros cinco meses da presidência de Petro, acrescentou o relatório.