Comércio de emissões pode minar esforços climáticos, diz papa
O comércio de emissões é uma solução concebida às pressas que pode causar especulação e minar os esforços globais para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, disse o papa Francisco em sua encíclica sobre o meio-ambiente nesta quinta-feira.
O papa fez um apelo urgente para que os países atuem no combate à mudança climática no documento, que ele quer que seja parte do debate da cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro, em Paris.
"A estratégia de comprar e vender créditos de carbono pode levar a uma nova forma de especulação que não ajudaria a reduzir as emissões de gases poluentes em todo o mundo", disse o pontífice.
"Este sistema parece proporcionar uma solução rápida e fácil sob a aparência de um certo comprometimento com o meio-ambiente, mas de forma nenhuma permite a mudança radical que as atuais circunstâncias exigem", acrescentou.
Há mais de um ano o papa vem conversando com várias pessoas, incluindo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, sobre a questão da mudança climática.
Os esquemas de comercialização de emissões permitem aos países poluidores comprar e emitir dióxido de carbono, culpados pelo aquecimento global.
Nos termos destes esquemas, as empresas ou nações têm um limite de carbono, mas se ultrapassarem esse limite podem comprar permissões de emissão de outros participantes do esquema.
O economista-chefe do Instituto Potsdam de Pesquisa Sobre Impacto Climático e consultor do Vaticano durante a elaboração da encíclica, Ottmar Edenhofer, disse que os comentários de Francisco não devem ser vistos como uma rejeição cabal do comércio de emissões.
"O papa está mais ou menos pedindo aos cientistas que verifiquem se este é um instrumento que irá fornecer uma solução", afirmou ele à Reuters.
(Reportagem adicional de Susanna Twidale e Valerie Volcovici, em Washington, e de Barbara Lewis, em Bruxelas)