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Como a Coreia do Norte paga por seu sofisticado programa militar?

23 abr 2017 - 21h30
(atualizado em 24/4/2017 às 07h52)
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Coreia do Norte disse que 'estaria pronta para atacar' porta-aviões dos Estados Unidos que está se deslocando para a Península da Coreia
Coreia do Norte disse que 'estaria pronta para atacar' porta-aviões dos Estados Unidos que está se deslocando para a Península da Coreia
Foto: Reuters

Isolada do resto do mundo, a Coreia do Norte gaba-se de seu poderio militar.

Neste domingo, o país disse neste domingo que "estaria pronto para atacar" um porta-aviões dos Estados Unidos que está se deslocando à Península da Coreia.

A ameaça veio estampada em um artigo de um jornal estatal, que comparou o navio a um "animal grosseiro" e afirmou que um ataque seria "um exemplo real para mostrar a força de nossos militares".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou que o porta-aviões USS Carl Vinson se deslocasse à região em resposta à crescente tensão sobre os testes nucleares e de mísseis da Coreia do Norte.

Mas como o país consegue pagar por seu sofisticado programa militar?

Kim Jong-un comanda Coreia do Norte
Kim Jong-un comanda Coreia do Norte
Foto: Reuters

Exportação e investimento

Em primeiro lugar, são necessárias divisas internacionais. Muitos estão de acordo que a Coreia do Norte fez importantes aquisições de tecnologia no exterior, em certos casos com fins militares.

E, apesar de ser um dos últimos países do mundo a manter uma economia centralmente planificada, ao modo stalinista, Pyongyang ainda consegue desenvolver um setor exportador.

Em sua página na internet, a CIA, a agência de inteligência americana, estima o tamanho da economia norte-coreana em torno de US$ 40 bilhões (R$ 160 bilhões), similar ao PIB de Honduras ou do Estado brasileiro de Goiás.

As exportações da Coreia do Norte somam, por outro lado, US$ 3,834 bilhões (R$ 15 bilhões), o equivalente às vendas externas de Moçambique ou das do minúsculo Estado europeu de San Marino, encravado na Itália.

Entre os produtos destinados ao exterior, estão minério e itens manufaturados, entre eles armamentos e artigos têxteis, além de produtos agrícolas e pesqueiros.

Coreia do Norte gaba-se de poderio militar
Coreia do Norte gaba-se de poderio militar
Foto: EPA / BBC News Brasil

Passando fome

Mas a resposta parece estar na natureza autoritária e centralizada do governo, que destina os escassos recursos do país a fins militares, nem que para isso seus cidadãos passem fome.

O PIB per capita da Coreia do Norte, ajustado pelo seu poder de compra, chega a US$ 1,8 mil (R$ 7,2 mil), fazendo com que o país asiático ocupe a 208ª posição entre 230 nações, nível comparável ao de Ruanda, na África, ou do Haiti, na América Central.

Na década de 1990, o país enfrentou a ameaça de uma escassez generalizada de produtos alimentícios básicos, e sua economia levou um longo tempo para recuperar-se do desastre.

Foi um processo tão traumático que, até 2009, a Coreia do Norte recebeu uma substancial ajuda alimentar da comunidade internacional. Hoje, acredita-se que sua produção agrícola interna tenha melhorado.

EUA enviou porta-aviões e grupo tático para a península coreana; Trump fala em "armada"
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Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os clientes

E quem são os clientes dos produtos norte-coreanos?

O aliado político mais importante do país é a China, que compra 54% de sua produção. Em um inesperado segundo lugar, vem a Argélia, que é o destino de 30% das vendas do país. E, para a Coreia do Sul, vão 16% de suas exportações.

Apesar da Coreia do Norte e a nação vizinha viverem um dos conflitos militares mais longos de que se tem notícia na história, em curso desde o fim da 2ª Guerra Mundial, os dois países vêm fortalecendo os vínculos econômicos.

Alguns investimentos sul-coreanos se concentram em determinadas partes do país, oferecendo ao governo norte-coreano outra valiosa fonte de divisas.

O núcleo mais importante deles é o complexo industrial de Kaesong, que está diante de um futuro incerto depois de o governo de Seul anunciar a suspensão de sua participação na iniciativa, devido às crescentes tensões políticas entre ambas as nações por conta dos testes nucleares realizados pela Coreia do Norte.

A Coreia do Sul diz não querer que os recursos gerados pela zona industrial sejam usados no programa militar norte-coreano. E as sanções econômicas impostas por vários países, inclusive as mais recentes aplicadas pelo Japão, devem continuar debilitando a economia norte-coreana.

No entanto, enquanto o governo do líder norte-coreano, Kim Jong-un, seguir disposto a impor sacrifícios substanciais a seus habitantes, pode-se esperar que a Coreia do Norte continue a desenvolver seu poderio militar muito além do que seria possível esperar de uma nação com sua frágil condição econômica.

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