Como ataque em Paris pode influenciar eleição presidencial na França
Neste domingo, os eleitores franceses vão às urnas para o primeiro turno das eleições presidenciais, dois após um ataque extremista em Paris - o terceiro neste ano.
A polícia ainda não identificou o autor do ataque, que saiu de um carro no centro da cidade a abriu fogo contra um ônibus da polícia, matando um e ferindo dois, mas a mídia diz que seria um homem de 39 anos que morava nos subúrbios da cidade e era visto como islâmico radical.
O primeiro-ministro, Bernard Cazeneuve, disse que as forças de segurança - incluindo unidades de elite - foram mobilizadas para as eleições de domingo.
Ele pediu que os eleitores não se deixassem intimidar e disse que nada impedirá "o processo fundamental democrático do nosso país".
Não está claro se o ataque influenciará a votação. Para Katya Adler, editora para Europa da BBC News, seria fácil presumir que a candidata da extrema-direta Marine Le Pen poderia se beneficiar nas urnas, já que os principais temas de sua campanha eram segurança, imigração e fundamentalismo islâmico.
Mas Adler diz que os eleitores mais preocupados com a segurança poderiam tender a votar no experiente político conservador e ex-primeiro-ministro François Fillon.
Até agora, a corrida está bastante apertada. Quatro dos onze candidatos aparecem quase que empatados no topo das pesquisas de intenção de votos: François Fillion, Marine Le Pen, o candidato de extrema-esquerda Jean-Luc Mélenchon, e o centrista Emmanuel Macron.
Adler diz que Macron e Mélenchon podem perder votos por não serem vistos como pesos-pesados nas áreas de política de segurança e imigração.
O atentado
Pouco antes das 21h locais (16h00 em Brasília), um carro parou ao lado de um ônibus da polícia parado na conhecida avenida Champs-Élysées. Um homem saiu do veículo e abriu fogo contra o ônibus usando um rifle automático. Ele tentou fugir enquanto atirava contra policiais.
O atirador matou um policial e deixou outros dois feridos. Ele foi morto por forças de segurança francesas.
Um outro homem possivelmente ligado ao ataque se entregou à polícia belga.
O atirador foi identificado pela polícia a partir de documentos encontrados no carro usado no ataque, mas seu nome ainda não foi divulgado.
A mídia local diz se tratar de um homem de 39 anos que vivia no subúrbio de Paris e esteve preso por vários anos após trocar tiros com a polícia no início dos anos 2000.
Serviços de inteligência o identificaram recentemente como um possível extremista. O Estado Islâmico disse que ele era um de seus "combatentes".
Enquanto o ataque se desenrolava, os 11 candidatos à Presidência participavam do último debate na TV e prontamente reagiram ao atentado.
Marine Le Pen, do partido de extrema-direita Frente Nacional, tuitou: "Eu sinto por e apoio nossas forças de segurança, que foram novamente alvo (de um ataque)". Fillon prestou "homenagem às forças de segurança que dão suas vidas para proteger a nossa".
Le Pen e Fillon anuncia depois o cancelamento de eventos de campanha programados para sexta-feira, o último dia de sondagem antes da votação.
Macron disse durante sua aparição na TV que "proteger era o primeiro dever" de um presidente e expressou sua "solidariedade" com a polícia.
Mélenchon tuítou: "Sinto fortemente pelos policiais mortos e feridos e suas famílias. Os ataques terroristas nunca ficarão impunes, cúmplices nunca serão esquecidos".
O extremismo islâmico foi um dos principais temas destas eleições após ataques recentes no país perpetrados pelo Estado Islâmico. Segundo a agência de notícias AFP, 238 pessoas foram mortas na França por jihadistas desde 2015.
No incidente mais grave deste período, uma série de ataques coordenados à boate Bataclan, cafés e restaurantes e à região do Estádio da França em novembro de 2015, resultou na morte de 130 pessoas.
Em fevereiro deste ano, uma grande operação de segurança foi deflagrada após um homem atacar com um facão um soldado próximo ao Museu do Louvre.
O presidente François Hollande fará uma reunião de emergência nesta sexta-feira para tratar da segurança do país às vésperas das eleições. Hollande disse estar convencido de que o atentado de quinta está "relacionado ao terrorismo".