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Como incidente entre drone dos EUA e caças da Rússia eleva tensão entre países

Episódio ainda não esclarecido pode ser o choque mais significativo entre americanos e russos desde a invasão da Ucrânia, há pouco mais de um ano.

15 mar 2023 - 19h15
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Os drones Reaper são aeronaves projetadas para reconhecimento e vigilância
Os drones Reaper são aeronaves projetadas para reconhecimento e vigilância
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O incidente envolvendo aviões de caça russos e um drone americano no Mar Negro pode ser o choque mais significativo entre os Estados Unidos e a Rússia desde a invasão da Ucrânia, há pouco mais de um ano.

O episódio - que terminou com a queda da aeronave americana no mar - levanta muitas questões e representa um momento repleto de perigos, apesar da Rússia negar que seus aviões tenham feito contato direto com o drone.

John Kirby, do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSC, na sigla em inglês), disse que houve outras interceptações "inclusive nas últimas semanas", mas que esta foi diferente.

Pode ter sido um acidente?

"Com base nas ações dos pilotos russos, está claro que foi algo inseguro, pouco profissional", afirmou o secretário de imprensa do Pentágono, Pat Ryder. "As ações falam por si."

O comportamento dos pilotos russos, que supostamente despejaram combustível ao longo do trajeto do drone e depois colidiram com ele, representa uma escalada significativa na tensão entre os dois países?

Segundo o Pentágono, todo o incidente durou entre 30 e 40 minutos.

Ryder disse que, durante esse período, não houve comunicação direta entre os militares russos e americanos.

Autoridades dos Estados Unidos dizem acreditar que os jatos russos envolvidos no incidente "provavelmente" sofreram algum dano, indicando que a colisão não foi deliberada.

"Sei que o Departamento de Estado está levando nossas preocupações sobre o incidente diretamente ao governo russo", disse Ryder.

O que o episódio significa, se é que significa alguma coisa, para o futuro das operações de drones dos Estados Unidos no Mar Negro e para a vigilância vital que tais operações fornecem à Ucrânia?

"Se a mensagem é que eles querem nos desencorajar de voar ou operar no espaço aéreo internacional sobre o Mar Negro", disse Kirby à emissora VOA, "então, essa mensagem fracassará, porque isso não vai acontecer".

Inteligência em tempo real

Os drones MQ-9 Reaper são usados ​​para missões de vigilância e inteligência
Os drones MQ-9 Reaper são usados ​​para missões de vigilância e inteligência
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Não seria surpreendente se a Rússia quisesse criar o máximo de dificuldades para os aliados da Ucrânia.

Enquanto isso, os Estados Unidos permanecem em silêncio sobre o que aconteceu com o drone.

Após a colisão, os pilotos americanos foram forçados a derrubá-lo no Mar Negro.

Ryder não disse onde a aeronave pousou ou se a Marinha russa estava tentando recuperá-la.

As gravações de áudio que circulam nas redes sociais parecem indicar que algum tipo de operação russa de recuperação ocorreu. Mas isso não foi confirmado.

Claramente, Washington não gostaria de ver uma tecnologia de vigilância tão sensível cair nas mãos dos russos.

Para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que está determinado a apoiar a Ucrânia "pelo tempo que for necessário", este é um momento delicado.

Não é apenas o armamento ocidental que está ajudando a Ucrânia a resistir à invasão russa.

É também uma riqueza de inteligência em tempo real sobre todos os aspectos das operações militares da Rússia, incluindo o movimento de navios no Mar Negro e o lançamento de mísseis direcionados à Ucrânia.

Desde a defesa da infraestrutura nacional crítica ucraniana até o planejamento de suas próprias operações ofensivas, Kiev depende fortemente do fluxo constante de informações.

Por razões óbvias, as autoridades americanas não revelarão as precauções extras, se houver, que suas operações de vigilância exigirão agora.

Os Estados Unidos querem mantê-las, mas também evitar o uso da força e correr o risco de serem arrastados para um confronto mais direto com a Rússia.

- Este texto foi publicado em

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c51qg6wr02wo

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