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Mundo

Como rajada de balas contra Trump destruiu ilusão de segurança na política dos EUA

Os tiros que deixaram o ex-presidente ferido, mataram um espectador do comício e deixou outros dois em estado crítico conferiram um novo rumo à campanha presidencial de 2024, com abalos profundos no tecido político e cultural americano.

14 jul 2024 - 13h03
(atualizado em 15/7/2024 às 08h48)
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Trump com orelha ferida após atentado
Trump com orelha ferida após atentado
Foto: EPA / BBC News Brasil

A rajada de balas que deixou o ex-presidente Donald Trump ferido em um comício na Pensilvânia na noite de sábado (13/7) também matou um participante do evento e deixou outros dois em estado crítico.

Os tiros também abalaram a campanha presidencial de 2024, com reflexos profundos no tecido social e cultural do país.

A ilusão de segurança que permeava a política americana, construída ao longo de décadas, foi dramaticamente destruída.

Trump sofreu apenas ferimentos leves, mas esteve perto de ser assassinado. Uma fotografia de Doug Mills, do jornal The New York Times, parece mostrar o rastro de uma bala cortando o ar perto da cabeça do ex-presidente.

Desde que Ronald Reagan foi baleado por John Hinkley Jr, em 1981, não houve um ato tão dramático de violência dirigido contra um presidente ou candidato presidencial.

Este novo episódio remonta a um período sombrio da história dos Estados Unidos, há mais de meio século, quando dois irmãos Kennedy - um presidente e outro candidato presidencial - foram atingidos por tiros.

Líderes dos direitos civis, como Medgar Evers, Martin Luther King Jr e Malcolm X também perderam a vida em meio à violência política.

Tal como hoje, a década de 1960 foi marcada por intensa polarização política, quando uma arma de fogo e um indivíduo disposto a usá-la podiam mudar o curso da história.

É difícil prever o impacto que os acontecimentos de sábado terão nos Estados Unidos e no seu discurso político. Já houve apelos bipartidários para que retórica em torno da campanha arrefeça e por unidade nacional.

Poucas horas depois do atentado, o presidente Joe Biden - provável oponente de Trump em novembro - apareceu diante das câmeras em Delaware para fazer uma declaração à imprensa.

"Não há lugar na América para este tipo de violência. Está doentio", disse ele. "Não podemos ser assim. Não podemos tolerar isso."

Mais tarde, Biden conversou por telefone com Trump. Ele também encurtou seu fim de semana na praia, retornando à Casa Branca ainda na noite de sábado.

Mas a violência também se infiltrou rapidamente nas trincheiras da guerra partidária que caracterizou a política americana nas últimas décadas.

Alguns políticos republicanos atribuíram a culpa pelo ataque aos democratas, por sua retórica contra o ex-presidente por Trump representar, sob seu ponto de vista, uma ameaça para a democracia americana.

"A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser detido a todo custo", postou nas redes sociais o senador de Ohio JD Vance, que supostamente está na lista de possíveis candidatos a vice-presidente de Trump.

"Essa retórica levou diretamente à tentativa de assassinato do presidente Trump."

Chris LaCivita, gestor da campanha de Trump, disse que "ativistas de esquerda, doadores democratas e até mesmo Joe Biden" precisam ser responsabilizados nas urnas em novembro pelos "comentários repugnantes" que, na sua opinião, levaram ao ataque de sábado.

Os democratas podem fazer objeções a isso, mas muitos na esquerda usaram argumentos semelhantes para apontar a culpa da retórica empregada pela direita nos meses anteriores ao atentado contra a parlamentar democrata Gabby Giffords, em 2011, no Arizona.

O presidente Biden durante pronunciamento no sábado sobre o atentado a Trump
O presidente Biden durante pronunciamento no sábado sobre o atentado a Trump
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A violência na Pensilvânia sem dúvida lançará uma longa sombra sobre a convenção nacional republicana, que começa na segunda-feira (15/7).

Os protocolos de segurança serão reforçados, e os protestos - e manifestações em sentido oposto - perto do local deverão ser acompanhados por um sentimento de mau presságio.

Enquanto isso, um holofote ainda mais brilhante estará sobre Trump quando ele subir ao palco da convenção na noite de quinta-feira (18/7) para aceitar sua indicação como candidato republicano.

Imagens do ex-presidente, ensanguentado e com o punho erguido, certamente se tornarão um mecanismo de mobilização.

O Partido Republicano já planejava fazer da força e da masculinidade um tema central da campanha de Trump. O atentado de sábado deverá impulsionar ainda mais esta estratégia.

"Este é o guerreiro que a América precisa!", escreveu Eric Trump, filho do ex-presidente, nas redes sociais, acompanhado de uma fotografia de seu pai após o tiroteio.

O Serviço Secreto dos Estados Unidos também enfrentará um intenso escrutínio pela forma como lidou com a segurança no comício de Trump.

Um indivíduo com um fuzil conseguiu ter ao seu alcance um candidato presidencial.

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, prometeu um inquérito completo sobre o ocorrido. Essas investigações levarão tempo.

Mas, por enquanto, uma coisa é certa: em um ano em que o país cruza águas eleitorais desconhecidas, a política dos Estados Unidos tomou um novo rumo mortal.

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