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Como uma "praga do Egito": fazendas, hotéis e teatros argentinos sofrem com coronavírus

19 mar 2020 - 11h30
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A Argentina, que sofre uma recessão e uma crise da dívida, não estava bem preparada para o fechamento de fronteiras e a suspensão de viagens de longa distância, medidas tomadas para conter a pandemia de coronavírus e que afetam empresas, como os dois hotéis de Patricia Durán.

Garçonete assiste TV em restaurante vazio em Buenos Aires
18/03/2019
REUTERS/Agustin Marcarian
Garçonete assiste TV em restaurante vazio em Buenos Aires 18/03/2019 REUTERS/Agustin Marcarian
Foto: Reuters

As reservas caíram nos hotéis de Durán, na província de Misiones, no norte, onde estão localizadas as famosas Cataratas do Iguaçu.

"Isso é como uma praga do Egito", afirmou a hoteleira, que também é presidente da Câmara de Turismo da província. "Passamos de 70% a 80% da ocupação para zero: os hotéis estão vazios, a atividade turística morreu", disse.

O impacto econômico do coronavírus está sendo sentido em todo o mundo, mas a Argentina é especialmente vulnerável: está lutando para reestruturar mais de 110 bilhões de dólares em dívida externa com credores privados e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que o país diz que só poderá pagar quando crescer novamente.

Os economistas estão diminuindo suas perspectivas para a economia argentina, que já tinha previsão de terminar 2020 com uma contração pelo terceiro ano consecutivo. O Credit Suisse agora estima uma contração de 2,6% para o país, em comparação com uma previsão anterior de queda de 1%.

O governo argentino implementou medidas na terça-feira para impulsionar a economia, mas tem menos margem de manobra porque suas reservas são escassas, pois as usou para quitar dívidas e para sustentar a moeda local.

Martín Vauthier, da consultoria econômica local Eco Go, disse que era muito cedo para prever como a pandemia prejudicará a economia, e que seu efeito dependerá da gravidade das medidas que o governo adotar para controlar a propagação do vírus.

"Quanto mais duras (as medidas do governo), maior será o impacto na economia", afirmou Vauthier.

ARTE E MATÉRIAS-PRIMAS

A queda no preço das matérias-primas também atingiu a Argentina, principal fornecedora mundial de soja processada. Houve algumas interrupções nos portos de onde os suprimentos são enviados para Ásia e Oriente Médio.

"Hoje, as primeiras complicações seriam a queda nos preços de todas as bolsas", disse Juan Granero, produtor agrícola da província de Buenos Aires.

Granero mencionou a queda nos preços da soja para cerca de 200 dólares a tonelada, ante 240 dólares há algumas semanas.

Os artistas também estão sendo prejudicados, incluindo os dançarinos do famoso tango argentino, que foram forçados a cancelar shows e aulas, e os atores ficaram sem espetáculos.

"Hoje, os artistas que vivem dando shows e aulas não podem fazê-lo, portanto não são pagos", disse Franco Arnoni, ator de 25 anos e membro da companhia de teatro comunitária Las Catalinas, em Buenos Aires.

(Com reportagem adicional de Marina Lammertyn)

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