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Conflito impulsiona aumento de mortes maternas em Darfur do Sul, no Sudão, diz Médicos Sem Fronteiras

25 set 2024 - 12h08
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Mulheres grávidas, mães e bebês recém-nascidos estão morrendo a uma taxa chocante na região de Darfur do Sul, no Sudão, e milhares de crianças desnutridas estão à beira da inanição, disse a organização médica beneficente Médicos Sem Fronteiras (MSF) nesta quarta-feira.

Mulheres sudanesas que fugiram da região sudanesa de Darfur caminham em acampamento em Adre, no Chade
05/08/2023 REUTERS/Zohra Bensemra

Mulheres sudanesas que fugiram da região sudanesa de Darfur caminham em acampamento em Adre, no Chade 05/08/2023 REUTERS/Zohra Bensemra
Foto: Reuters

A crise de saúde no sul de Darfur é uma das piores de seu tipo em todo o mundo e está sendo impulsionada pelo conflito entre facções militares que eclodiu em abril do ano passado, disse o MSF em um relatório.

"A situação em Darfur do Sul é um retrato do que provavelmente está se desdobrando em proporções terríveis em áreas isoladas e devastadas pela guerra no Sudão", disse o relatório.

O MSF disse ter registrado 46 mortes maternas em dois hospitais de Darfur do Sul que a instituição de caridade apoia de janeiro a agosto, e 48 mortes de recém-nascidos por sepse nos mesmos hospitais de janeiro a junho.

Cerca de um terço das crianças com menos de dois anos examinadas em Darfur do Sul em agosto estavam com desnutrição aguda, mais do que o dobro do limite de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a instituição. Mais de 8% sofriam de desnutrição aguda grave, uma causa comum de morte.

"Várias emergências de saúde estão ocorrendo simultaneamente sem quase nenhuma resposta internacional da ONU e de outras organizações", disse a médica Gillian Burkhardt, gerente de saúde sexual e reprodutiva do MSF em Darfur do Sul, em um comunicado.

"Bebês recém-nascidos, mulheres grávidas e novas mães estão morrendo em números chocantes."

O relatório disse que o conflito e o deslocamento estavam forçando as mulheres a dar à luz em condições insalubres em áreas onde não tinham acesso a cuidados de saúde e medicamentos.

MSF QUER AÇÃO DECISIVA

Darfur do Sul abriga o maior número de pessoas deslocadas no Sudão, de acordo com a Agência Internacional de Migração. A capital do Estado, Nyala, a segunda maior cidade do Sudão, costumava ser um centro de ajuda para a região, mas a maioria das organizações humanitárias foi embora. O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) assumiu o controle da cidade no último mês de outubro.

O MSF cobrou que a ONU "aja de forma decisiva para evitar mais perdas de vidas em Darfur".

A ONU, que está organizando uma reunião ministerial com os principais doadores e potências regionais nesta quarta-feira sobre o "custo da inação" no Sudão, diz que o subfinanciamento, a insegurança e acesso restrito prejudicaram os esforços de ajuda.

A guerra entre o Exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (RSF) forçou mais de 10 milhões de pessoas a fugirem de suas casas, deixou grande parte da capital devastada pelos combates e desencadeou ondas de violência étnica em Darfur.

Um monitor global da fome emitiu uma rara confirmação de fome no campo de Zamzam, no norte de Darfur, para pessoas deslocadas, e alertou que 13 outros locais no Sudão correm risco de fome.

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