Conselho da ONU pede novo governo inclusivo no Afeganistão
Reunião foi feita após Talibã assumir controle do país asiático
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta segunda-feira (16) e pediu o estabelecimento, por meio de negociações, de um novo governo no Afeganistão que seja "unido, inclusivo e representativo, inclusive com a participação plena, igualitária e significativa das mulheres".
O conselho de 15 membros solicitou ainda o fim imediato das hostilidades e abusos dos direitos humanos, além de pedir que todas as partes permitam o acesso humanitário imediato, seguro e desimpedido
"Todas as partes devem respeitar suas obrigações de acordo com o Direito Internacional Humanitário em todas as circunstâncias, incluindo aquelas relacionadas à proteção de civis", diz o comunicado, ressaltando que a segurança de todos os cidadãos afegãos e internacionais deve ser garantida.
Ontem (15), cerca de duas décadas depois da invasão americana e poucos meses após o início da retirada das tropas dos Estados Unidos e da Otan do país, o grupo Talibã derrubou o governo e retornou ao poder.
Durante o período em que o Talibã assumiu o Afeganistão, entre 1996 e 2001, as mulheres não podiam trabalhar, tinham que cobrir o rosto e sempre estar acompanhadas por um parente do sexo masculino se quisessem sair de casa, enquanto que as meninas não podiam frequentar a escola.
"Estamos recebendo relatos assustadores de severas restrições aos direitos humanos em todo o país. Estou particularmente preocupado com os relatos de crescentes violações dos direitos humanos contra as mulheres e meninas do Afeganistão ", disse o secretário-geral das Nações Unidos, António Guterres.
O português pediu que a comunidade internacional se una para preservar o respeito aos direitos humanos no Afeganistão e evitar que a nação seja usada como plataforma ou porto seguro para organizações terroristas.
"Devemos falar com uma só voz para apoiar os direitos humanos no Afeganistão", disse Guterres, convidando o "Talibã e todas as partes a respeitar e proteger os direitos e as liberdades".
Segundo o diplomata, "os próximos dias serão fundamentais", principalmente porque "o mundo está de olho" e "não podemos e não devemos abandonar o povo afegão".
"Peço o fim imediato da violência, o respeito pelos direitos de todos os afegãos e o respeito do Afeganistão por todos os acordos internacionais dos quais faz parte. Neste momento, exorto seriamente todas as partes, especialmente o Talibã, a exercer a máxima contenção para proteger vidas humanas", concluiu.
Além disso, os membros do Conselho apelaram ao "fim imediato da violência, o restabelecimento da segurança, à ordem civil e constitucional e às conversações urgentes para resolver a atual crise de autoridade no país e chegar a uma solução pacífica".
Por fim, reafirmaram "a importância da luta contra o terrorismo no Afeganistão para garantir que o território não seja usado para ameaçar ou atacar qualquer país, e que nem o Talibã nem qualquer outro grupo ou indivíduo apoie os terroristas". .