Coroação de Charles III: Países que não foram convidados e os que se recusaram a comparecer
Pela primeira vez em quase 500 anos, um alto representante do Vaticano estará presente à cerimônia.
A coroação de Charles III é um evento histórico e cultural no Reino Unido, mas também é um ato de natureza política. A grandiosidade da coroação serve, mais uma vez, para que a nação britânica escape de seu isolacionismo, alimente o imaginário, por um fim de semana, de seu passado imperial e continue a se manter, por meio de seu "soft power", entre as nações que disputam a liderança mundial.
No meio do percurso isolacionista e da cisão que o Reino Unido tem sido condenado em razão do Brexit, se somam as crescentes tensões territoriais internas com as nações que o compõem, como Escócia ou Irlanda do Norte, a celebração da coroação acarreta algumas precauções e diretrizes, tanto no âmbito interno quanto no externo.
Neste sábado (06), na abadia de Westminster, quase uma centena de chefes de estado ou primeiros-ministros dos cinco continentes se reunirão para apoiar a monarquia britânica. Dentre os 2.200 convidados que estarão presentes na coroação de Charles III, estima-se que aproximadamente 850 dos presentes serão representantes de ONGs, de grupos de cidadãos e também de todos os tipos de instituições de caridade do Reino Unido e da Comunidade de Nações (a Commonwealth).
No entanto, o Ministério das Relações Exteriores (Foreign Office em inglês), fez os devidos convites a praticamente todos os governos do mundo, porém houve três países que foram ignorados: Rússia, Belarus e a República Islâmica do Irã. Uma mensagem óbvia sobre a posição britânica com relação à guerra na Ucrânia. Enquanto isso, à Coréia do Norte e à Nicarágua foram oferecidos convites para os respectivos embaixadores.
Por outro lado, foi confirmada a presença de representantes dos 54 países da Comunidade das Nações, da qual Charles III é líder, o que inclui numerosos presidentes e chefes de estado. Dirigentes dos 14 países que, além do Reino Unido, têm Charles como chefe de Estado, constam na lista de convidados. Os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e da Nova Zelândia, Christopher Hipkins, já estão em Londres desde quinta-feira (04).
A Europa Continental estará representada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho, Charles Michel. Chefes de estado da França, Itália, Alemanha e Polónia também comparecerão. O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, irá representar o Papa Francisco, e será o primeiro cardeal católico a comparecer à coroação de um rei britânico desde o cisma na Igreja sob Henrique VIII, quase 500 anos atrás.
Entre tantos líderes, chama a atenção a falta do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que delegou sua representação à esposa, Jill Biden. Recentemente, o inquilino da Casa Branca anunciou que em breve fará uma viagem de estado ao Reino Unido, evitando o que alguns líderes poderiam considerem um insulto à Coroa britânica e também por serem, acima de tudo, dois aliados históricos que compartilham o que chamam de "uma relação especial".
Finalmente, haverá também convidados mais desconfortáveis, como o vice-presidente chinês, Han Zheng, que indignou os parlamentares britânicos por seu papel na repressão à sua ex-colônia Hong Kong. No âmbito interno, estarão presentes políticos hostis, como a líder do Sinn Féin no Ulster, Michelle O'Neill.
King Charles will be officially crowned at Westminster Abbey surrounded by the Royal Family and fans. Watch "The Coronation of King Charles the Third," Saturday beginning at 5am ET on MSNBC. pic.twitter.com/SJNPYjS26B
— MSNBC (@MSNBC) May 5, 2023