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Coronavírus: como é o plano do governo para retirar brasileiros de Wuhan

Comitiva que sai do Brasil nesta quarta deve retornar da China no próximo sábado; ao retornarem, os brasileiros ficarão em quarentena.

5 fev 2020 - 05h04
(atualizado às 07h39)
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Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta
Foto: AFP / BBC News Brasil

Uma comitiva com dois aviões vai deixar o Brasil em direção à cidade de Wuhan, na China, nesta quarta-feira para buscar os brasileiros que estão na região de origem da epidemia do coronavírus.

As duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) deixarão a Base Aérea de Brasília às 12h, fazem escala em Fortaleza, Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Urumqi (China) e devem chegar a Wuhan na sexta-feira (7). Serão repatriados todos os brasileiros que aceitarem retornar.

No domingo, a BBC News Brasil revelou que um grupo de brasileiros na China fez um apelo ao governo de Jair Bolsonaro para a retirada de cidadãos do país afetado pelo surto do coronavírus.

Na carta-aberta, gravada em um vídeo publicado no YouTube, eles lembraram as operações de evacuação já feitas por diversos países e dizem estar dispostos a passar pelo período de quarentena fora do território brasileiro. A carta-aberta é datada de 30 de janeiro, e todos os que assinam a carta são residentes.

A previsão é que as aeronaves com os brasileiros deixem a China no sábado.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a operação demanda cuidados específicos muito distintos de uma viagem comum.

Mapa de coronavírus
Mapa de coronavírus
Foto: BBC News Brasil

"Tem toda uma construção, no caso da saúde, sobre equipamentos de proteção individual para a tripulação, para comissariado, preparo de alimento, lixo desse avião. Vai sair com que nível de segurança, vai para incineração", afirmou.

O ministro explicou que todos os passageiros também devem estar em condições clínicas para viajar "até pela segurança do paciente e dos demais". Ele disse ainda que é possível que haja uma divisão de acordo com o quadro de cada um deles.

"Você não pode trazer uma pessoa que esteja com febre, que esteja gripado, dentro do avião, com os outros que não estão", afirmou.

O Ministério da Saúde informou que existem 16 casos suspeitos do novo coronavírus no Brasil. Nenhum caso foi confirmado. De acordo com os dados divulgados pelo Ministério, os casos suspeitos estão em São Paulo (8), Rio Grande do Sul (4), Santa Catarina (2), Ceará (1) e Paraná (1). Há ainda dez casos descartados: Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1) , São Paulo (2), Paraná (1), Santa Catarina (2) e Rio Grande do Sul (3).

Duas brasileiras, que se encontravam em Wuhan e também possuíam nacionalidade portuguesa, já embarcaram em voo francês que transportou cidadãos da União Europeia. Elas farão quarentena em Portugal.

O novo coronavírus que surgiu na província chinesa de Wuhan já infectou mais de 20 mil pessoas na China e se espalhou para outros países. Ao todo, 425 dos infectados morreram.

Emergência

O governo federal decretou por meio de uma portaria publicada nesta terça-feira (04/02) uma situação de emergência no Brasil em meio à epidemia de coronavírus mesmo sem a confirmação de um caso no país.

No início da semana passada, a classificação subiu do nível 1, de alerta, para o nível 2, de perigo iminente, após serem anunciados os primeiros casos de suspeita em território brasileiro.

De acordo com o ministro da Saúde, a medida é necessária para fazer contratações emergenciais, sem a necessidade de licitações, e assim dar agilidade às ações para preparar o país para receber os brasileiros que serão trazidos da China e mantê-los em quarentena.

"Para se fazer a busca destas pessoas, montar toda a estrutura, se definir o local (de quarentena), colocar todos os equipamentos, vamos reconhecer essa situação de emergência internacional, para poder ter os mecanismos, senão você tem que abrir licitação, leva 15 a 20 dias para se movimentar quando opera no status normal da lei de licitações", afirmou Mandetta na terça-feira ao anunciar a situação emergencial.

"Isso envolve poder fazer determinadas despesas que vão ser envolvidas no processo de montar uma base de quarentena."

Projeto de Lei

Mandetta, esteve no Congresso Nacional na noite desta terça (4) para conversar com deputados e senadores sobre o projeto de lei que estabelece regras de quarentena para o coronavírus. Na próxima semana, disse ele, o Ministério da Saúde enviará ao Congresso um texto mais amplo com regras para lidar com epidemias.

O novo projeto de lei determinará os procedimentos para quando for necessário isolar um rebanho animal; ou os tripulantes e passageiros de um navio, ou os trabalhadores de uma determinada empresa, disse o ministro à BBC News Brasil.

"Esse (aprovado esta noite) é o fusquinha. É só uma pinguela para a gente atravessar esse momento agora. E depois, eles (Congresso) discutem um texto mais profundo", diz o ministro. Ele voltará à Câmara na manhã desta quarta (5) para falar sobre o assunto.

Surto de coronavírus oriundo na China já se espalhou pelo mundo
Surto de coronavírus oriundo na China já se espalhou pelo mundo
Foto: EPA / BBC News Brasil

"O que você tem hoje (na legislação sobre o assunto) é uma série de remendinhos. Para eu fazer o que eu estou fazendo hoje (ao repatriar os brasileiros de Wuhan), eu poderia fazer com base no tratado internacional X. Poderia fazer com base num decreto de 1975. Podia fazer por causa de uma portaria de 2002. Teria condição de fazer. A ideia agora é 'limpar' isso, colocar uma regra clara", explicou ele.

"Praticamente todos os países do mundo têm uma lei sobre este assunto. Nós não temos. Acho que desse momento, um dos legados que vai ficar, é isso. Não para essa situação agora (coronavírus), mas para qualquer situação no futuro", disse.

Wuhan, epicentro da epidemia, foi colocada em quarentena pelo governo chinês
Wuhan, epicentro da epidemia, foi colocada em quarentena pelo governo chinês
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Os deputados e senadores também definiram que todos os brasileiros repatriados ficarão em quartos individuais na base aérea de Anápolis. Essas pessoas vão ter seus sinais vitais verificados diariamente.

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