Coronavírus pode aumentar conflitos no Oriente Médio
Toques de recolher e isolamentos impostos como medidas de saúde pública já estão tornando difícil ou impossível o sustento de familias.
Surtos de coronavírus no Oriente Médio ameaçam dificultar ainda mais a vida de milhões de pessoas já desamparadas em zonas de conflito e podem atiçar tumultos socioeconômicos, alertou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nesta quinta-feira, 16.
Toques de recolher e isolamentos impostos como medidas de saúde pública para conter a disseminação do vírus já estão tornando difícil ou impossível para muitos sustentarem suas famílias, disse a entidade.
Em um comunicado no qual citou Síria, Iraque, Iêmen, Gaza, Líbano e Jordânia, a agência sediada em Genebra pediu às autoridades da região para se prepararem para "efeitos potencialmente devastadores" e um "terremoto socioeconômico".
"Hoje o Oriente Médio está enfrentando a ameaça dupla de possíveis surtos em massa do vírus em zonas de conflito e tumultos socioeconômicos iminentes. Ambas as crises podem ter consequências humanitárias severas", disse Fabrizio Carboni, diretor do CICV para o Oriente Médio.
O comunicado do CICV não se referiu ao Irã, que tem o maior surto da região, mas uma porta-voz disse que o grupo está ajudando a Sociedade do Crescente Vermelho Iraniano.
Milhões de pessoas no Oriente Médio já carecem de cuidados de saúde, alimento, água e eletricidade em países vitimados por conflitos em que os preços estão subindo e a infraestrutura está danificada, disse o CICV.
O CICV disse que entregou seus primeiros conjuntos de higiene e de material de proteção para prisões centrais administradas pelo Ministério do Interior sírio. Carboni revelou um pedido das autoridades de Damasco em uma entrevista concedida à Reuters no mês passado, dizendo que os detidos são mais vulneráveis do que a população em geral.
Equipamentos de proteção, como desinfetantes, também foram doados a instalações de saúde e locais de detenção do Iraque com mais de 45 mil detentos, informou o comunicado.
No Iêmen, onde uma coalizão liderada pelos sauditas declarou um cessar-fogo em seu conflito com o movimento houthi alinhado ao Irã, o CICV disse: "Nosso apoio para salvar vidas em hospitais, clínicas e centros de diálise agora inclui ajuda com seus preparativos de prevenção para a Covid-19".
Na Faixa de Gaza, lar de cerca de dois milhões de palestinos, o CICV disse que forneceu 20 mil máscaras e outros materiais de proteção à Sociedade do Crescente Vermelho Palestino.
Três das cinco maiores operações aéreas do CICV em todo o mundo no ano passado ocorreram no Oriente Médio - Síria, Iraque e Iêmen. Quase 40 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária só nestes três países, disse o grupo.