Covid: como é a estratégia da China de tolerância zero contra o coronavírus
Governo chinês continua adotando política de suprimir todos os casos do vírus, faltando apenas algumas semanas para os Jogos Olímpicos de Inverno.
A China diz estar adotando todas as medidas de segurança necessárias contra o coronavírus para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, que começam no próximo mês.
Então, o que está sendo planejado para o evento e quão bem-sucedida foi a política chinesa de "tolerância zero" contra a covid?
Medidas mais rígidas do que na Olimpíada de Tóquio
A China está fazendo um grande esforço para manter o vírus fora do país.
O governo chinês disse que visitantes estrangeiros serão barrados — somente moradores da China continental estarão autorizados a participar dos eventos, sob a condição de permanecerem em quarentena quando voltarem para casa. As pessoas são aconselhadas a não viajar para a capital de outras partes do país.
Uma das medidas foi a criação de "bolhas": imprensa, atletas e observadores foram separados em três bolhas distintas — quem entrar nessas bolhas deve estar totalmente vacinada ou passar 21 dias em quarentena, segundo as regras.
Os testes para covid são realizados diariamente, e as máscaras, obrigatórias em todos os momentos.
Ninguém pode deixar as bolhas. Os participantes estrangeiros entrarão nelas na chegada à China e permanecerão em sua bolha até deixarem o país.
Funcionários locais de apoio, incluindo voluntários, cozinheiros e motoristas, também fazem parte de uma bolha selada. Eles não terão contato físico com o mundo exterior, mesmo com suas famílias.
Esse sistema se aplica não apenas a moradias, hospitais e locais destinados a servir as Olimpíadas, mas também às ligações de transporte.
Existem aeroportos de circuito fechado e sistemas ferroviários de alta velocidade (dado que a maioria dos principais locais de competição está fora de Pequim).
Todos os veículos designados para as Olimpíadas receberam um rótulo vermelho especial na frente, e as autoridades de trânsito locais até aconselharam o público a "evitar contato" se houver um acidente de trânsito com eles. O lixo será mantido em locais de armazenamento temporário, para evitar infecções cruzadas.
O que já está em vigor para a prevenção de vírus?
As viagens dentro e fora da China são severamente restritas para estrangeiros, e houve restrições ao movimento interno desde o início da pandemia.
Quaisquer viajantes do exterior que tenham permissão para entrar na China são rastreados na chegada e enviados para hotéis designados pelo governo para uma quarentena obrigatória de pelo menos duas semanas.
Na maioria das cidades, a próxima etapa é cumprir quarentena em hotel ou em casa por sete dias e, em seguida, um período de monitoramento também de sete dias, durante o qual o visitante não pode se misturar com outras pessoas e tem que enviar informações regulares sobre seu estado de saúde a autoridades locais.
A China parou de emitir e renovar passaportes para "fins não urgentes" para seus próprios cidadãos, tanto no país quanto no exterior, para minimizar ainda mais as viagens internacionais.
Também existem controles rígidos sobre a movimentação entre as cidades chinesas (e às vezes mesmo entre bairros) com mais períodos obrigatórios de auto-isolamento para aqueles autorizados a viajar.
Com os Jogos se aproximando, a China implementou lockdowns em algumas cidades onde casos foram detectados.
Durante todo o evento, as pessoas só podem sair para "assuntos urgentes", como ir ao hospital. A vigilância da polícia e de voluntários locais também está sendo intensificada, com penalidades severas para quem infringir as regras.
Os moradores podem ser retirados de suas casas a curto prazo e enviados para instalações de quarentena se infecções forem detectadas durante uma campanha de testes em massa. Todos os negócios não essenciais estão fechados, exceto lojas de alimentos e alguns outros fornecedores essenciais.
As escolas estão fechadas e o transporte público está suspenso, com quase todo o movimento de veículos proibido.
A 'tolerância zero' funciona?
Diante disso, a China teve um sucesso notável na contenção da pandemia.
Desde o final de 2019, o país registrou pouco mais de 4,6 mil mortes (segundo a plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford, na Inglaterra).
Nos Estados Unidos, foram 830 mil mortes. E no Brasil, pouco mais de 620 mil.
Por milhão de pessoas, são cerca de três mortes na China, em comparação com 2.500 nos EUA e 2.940 no Brasil.
As infecções registradas na China também foram muito baixas, raramente passando de 150 por dia em todo o país durante a pandemia.
Houve quem expressasse dúvida sobre a precisão dos dados oficiais, mas parece claro que as taxas de infecção e mortalidade foram baixas quando comparadas com outros países. A Comissão Nacional de Saúde da China diz que 85% de sua população já está totalmente vacinada.
Apesar disso, a China é um dos poucos países que segue uma política de "tolerância zero" para a covid, independentemente do custo para as liberdades pessoais e para a economia.
Custo
Outros países, como Austrália, Nova Zelândia e Cingapura, modificaram sua estrita adesão a essa abordagem no fim de 2021. A variante delta estava se consolidando de qualquer maneira e esses países também conseguiram aumentar suas taxas de vacinação.
Os casos aumentaram nesses três países, mas a esperança é que a vacinação suficiente mantenha doenças graves e mortes em níveis administráveis.
No caso da China, deve haver preocupações de que o país possa estar em risco de surtos generalizados se seus controles rígidos forem suspensos muito rapidamente.
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