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Covid na China: país pode estar subnotificando mortes, alerta OMS

Pequim decidiu que apenas mortes causadas por pneumonia ou insuficiência respiratória após contaminação pelo coronavírus receberão essa classificação. Ou seja, óbitos por doenças cardiovasculares ou ataques cardíacos que têm relação com a covid não entrarão na estatística oficial.

4 jan 2023 - 18h16
(atualizado às 18h46)
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Hospitais em toda a China estão sob pressão em meio a uma nova onda de infecções por covid
Hospitais em toda a China estão sob pressão em meio a uma nova onda de infecções por covid
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a China está subnotificando o verdadeiro impacto da covid-19 no país — em particular, o número de mortes.

A revogação da maioria das restrições à circulação de pessoas, no mês passado, levou a um aumento do número de casos.

A China parou de divulgar os dados diários de casos e anunciou que 22 pessoas morreram por covid desde dezembro, usando seus próprios critérios de contagem.

Michael Ryan, diretor de emergências da OMS, contesta os dados divulgados pelo governo do presidente Xi Jinping e os padrões usados na China para definir mortes causadas pela doença.

No mês passado, Pequim decidiu que apenas mortes causadas por pneumonia ou insuficiência respiratória após contaminação pelo coronavírus receberão essa classificação. Ou seja, óbitos por doenças cardiovasculares ou ataques cardíacos que têm relação com a covid não entrarão na estatística oficial da doença.

Isso também vai contra uma orientação da OMS, que incentiva os países a levarem em conta quantas pessoas morrem a mais atualmente em comparação com os tempos antes da pandemia.

Ryan disse que os números do governo chinês "estão subnotificando o verdadeiro impacto da doença em termos de internações hospitalares, em termos de internações em UTI e, particularmente, em termos de mortes".

Paciente com covid em hospital na cidade de Fuyang
Paciente com covid em hospital na cidade de Fuyang
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O diretor da OMS acrescentou que a China aumentou sua parceria com a organização nas últimas semanas. O diretor disse esperar "dados mais abrangentes".

Mas ele também sugeriu que os profissionais de saúde pudessem relatar seus próprios dados e experiências.

"Não desencorajamos médicos e enfermeiros a relatar essas mortes e esses casos", disse Ryan. "Temos uma abordagem aberta para poder registrar o impacto real da doença na sociedade."

Projeção com números bem mais altos

A empresa britânica de dados científicos Airfinity estima que mais de 2 milhões de casos de covid e 14.700 mortes ocorram por dia na China.

Como comparação, no dia mais mortal da pandemia no Brasil, em 29 de março de 2021, foram registradas 3.541 mortes por covid no país — a população da China é 7,5 vezes maior que a do Brasil.

Desde que a China abandonou partes de sua estratégia bastante restritiva, chamada de "covid zero", há quase um mês, houve relatos de hospitais e crematórios sobrecarregados.

Mais de 10 países introduziram restrições de viagem para pessoas oriundas da China. O governo chinês criticou as medidas como "politicamente motivadas" e ameaçou retaliações.

Nenhuma nova variante da covid foi detectada na China, apesar do aumento de casos. No entanto, a OMS alertou que isso pode ter acontecido devido a uma diminuição nos testes.

As autoridades chinesas anunciaram que estão enviando suprimentos médicos para hospitais em regiões rurais antes de uma onda esperada de infecções por coronavírus nessas áreas. Nesses locais as taxas de vacinação são irregulares.

Abdi Rahman Mahamud, diretor do departamento de coordenação de alerta e resposta da OMS, alertou que o país pode sofrer outra onda de infecções à medida que as famílias se reúnem para o Ano Novo Lunar da China em algumas semanas — um dos períodos mais movimentados para viagens e deslocamentos dentro do país.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64169535

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