Cresce adesão a protestos na Eslováquia contra inclinação do primeiro-ministro à Rússia
Dezenas de milhares de manifestantes foram nesta sexta-feira a uma praça central da capital da Eslováquia com faixas contra a política do primeiro-ministro do país, Robert Fico, de se aproximar da Rússia, após as tensões entre o governo e a oposição terem aumentado.
Os organizadores calculam que 60 mil pessoas compareceram ao protesto na Praça da Liberdade, em Bratislava, cerca de quatro vezes mais do que o número observado em uma manifestação há duas semanas.
A adesão aos protestos está praticamente no nível que se viu em 2018, quando o assassinato de um jornalista investigativo provocou grandes manifestações que culminaram na renúncia de Fico, que foi reeleito primeiro-ministro em 2023.
Os manifestantes gritavam "Chega de Fico" e "Somos Europa" e, em certo momento, fizeram brilhar a praça com seus celulares após uma curta queda de energia.
Protestos também ocorreram em outras 20 cidades. O website Dennik N calculou em 100 mil o número total de manifestantes.
Os partidos de oposição tentaram provocar um voto de desconfiança contra o governo Fico, mas o premiê até agora parece estar em posição de sobreviver a ele, pois mantém uma pequena maioria parlamentar.
Críticos de Fico têm alertado sobre o enfraquecimento dos valores democráticos e a modificação da política externa, antes mais centrada na União Europeia e na Otan, para mais próxima da Rússia.
"Não queremos estar com a Rússia... Queremos estar na União Europeia, queremos ser da Otan e queremos permanecer assim", afirmou Frantisek Valach, um dos manifestantes, em Bratislava.
A mais recente rodada de protestos começou depois que Fico viajou para Moscou em dezembro para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, um encontro raro para um líder da UE desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022.