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Crise em bloco de direita na Itália continua sem solução

Líder ultranacionalista disse que questão 'não é banal'

15 fev 2022 - 10h49
(atualizado às 11h52)
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A crise no chamado "bloco de centro-direita", que reúne as siglas ultranacionalistas Liga e Irmãos da Itália (FdI) e o partido conservador Força Itália, continua sem solução desde que houve a reeleição do presidente Sergio Mattarella, no último dia 29 de janeiro.

Meloni e Salvini trocam farpas públicas desde a reeleição de Mattarella
Meloni e Salvini trocam farpas públicas desde a reeleição de Mattarella
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Nesta terça-feira (15), a líder do FdI, Giorgia Meloni, deu uma entrevista à rádio RTL e ressaltou que a questão não é algo banal, especialmente, no que tange o chefe da Liga, Matteo Salvini.

O ex-ministro do Interior faz parte da diversa base do governo de Mario Draghi, que vai da extrema-direita à esquerda, e apoiou - após a centro-direita não obter consenso em um nome para a Presidência - o acordo para reeleger Mattarella. Na coalizão, também está o FI.

"Com ele, não é apenas uma incompreensão banal. Para mim, é um problema na questão do mérito. Nós sustentamos a tese de que, na maioria dos casos, temos visões opostas às da esquerda. Não é que não vou com o PD [Partido Democrático, de centro-esquerda] porque acho Enrico Letta [secretário-geral] antipático, não me uno ao governo com o PD porque acredito que o PD tenha uma visão diametralmente oposta ou muito diferente da minha", afirmou.

"Se depois, ao fim, não consigo levar adiante as questões que acredito, vira um problema das coisas que você pretende quando diz que você representa a centro-direita", pontuou.

Falando diretamente sobre Salvini, Meloni disse que ouviu o político afirmar que sua sigla "escolheu a Itália" no pleito.

"Mas, o que significa isso? Porque para mim significa levar adiante a visão da qual a centro-direita é portadora. A Liga não queria a obrigação vacinal e há a obrigação vacinal, era contrária ao passe verde [certificado sanitário] como instrumento de discriminação, e agora é a favor. Eram contrários à imigração ilegal em massa e continuam a desembarcar milhares de migrantes", acusou a ultranacionalista.

Destacando que a unidade do bloco "é fundamental", Meloni criticou que seus aliados "perante escolhas importantes, preferem uma aliança de governo com PD e com M5S [Movimento 5 Estrelas, populista]". "Esse é um problema de posicionamento político", acrescentou.

Após a entrevista, Salvini foi questionado sobre as falas de Meloni e afirmou que "não comenta polêmicas".

"Eu estou trabalhando para reduzir o valor das contas de luz e de gás. Os esclarecimentos eu faço com quem deve colocar dinheiro na vida dos italianos, não me interesso nas polêmicas, não as comento. Nós somos um governo que precisa levar a Itália para fora da pandemia e é uma escolha precisa nossa sermos protagonistas da reconstrução do país. Se alguém prefere ficar de fora, que fique", disse Salvini.

Apesar de não concordar com algumas posturas do FI e da Liga, o FdI manteve a coalizão de centro-direita por um bom tempo e por, segundo as pesquisas de opinião, ter quase 50% dos votos dos italianos. No entanto, com o fracasso das negociações para indicar um nome de centro-direita que tivesse apoio do Parlamento para a Presidência, o clima entre os aliados piorou e a troca de farpas virou pública.

Tanto Salvini como os comandados por Silvio Berlusconi informaram que optaram por concordar com o nome de Mattarella, eleito só na oitava sessão, para não arrastar uma crise política que pararia os trabalhos do Parlamento - nenhuma sessão ocorre enquanto os deputados, senadores e delegados estão fazendo a votação presidencial.

Segundo as duas últimas pesquisas de voto, divulgadas nesta segunda-feira (14), o FdI de Meloni tem entre 20,7% e 21,4% das intenções de voto. Em empate técnico, aparece o PD com 21% e 21,1%. A Liga aparece na terceira colocação, com valores 17% e 17,6%; o M5S tem entre 12,8% e 14,3%; e o FI tem 8%. .

Ansa - Brasil
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