Croácia: perfil da nação que se tornou o membro mais recente da União Europeia
Integrante do bloco europeu desde 2013, ex-república iugoslava se tornou um dos destinos turísticos mais populares no continente, graças à sua beleza natural e riqueza de patrimônio universal.
A Croácia declarou a sua independência da antiga Iugoslávia em 1991, junto com outras três repúblicas: Eslovênia, Macedônia e Bósnia. A secessão das duas primeiras foi relativamente pacífica, mas na Croácia e na Bósnia os conflitos civis foram devastadores. Durante esse período, a Croácia esteve sob o governo nacionalista autoritário de Franjo Tudjman, que presidiu o país de 1990 até sua morte, em 1999.
No início de 2003, o país já tinha feito progresso suficiente para deixar para trás o legado dos anos turbulentos. A Croácia se tornou a segunda ex-república iugoslava, depois da Eslovênia, a se candidatar oficialmente para fazer parte da União Europeia (UE). Após um longo período de negociações, a Croácia se tornou o 28º Estado membro da UE em 1º de julho de 2013.
Desde então, o país se tornou um destino turístico muito popular, sobretudo por sua costa adriática de águas cristalinas e formações geográficas como vales, lagos e cavernas, além de uma extensa lista de áreas de beleza natural e patrimônio histórico inscritas na UNESCO.
FATOS
LÍDERES
Presidente: Zoran Milanović
Zoran Milanović é presidente da Croácia desde fevereiro de 2020. Ele se elegeu pelo Partido Social-Democrata, derrotando a incumbente conservadora Kolinda Grabar-Kiratovic, primeira mulher a presidir a Croácia, que tinha assumido o poder em 2015.
Milanović foi primeiro-ministro de 2011 a 2016 - o mais jovem político croata a ocupar o cargo desde a independência. Seu gabinete foi também o mais jovem da história, com uma média de 48 anos. O lema do seu governo era a criação de uma Croácia moderna, progressista e aberta.
Como presidente, Milanović cumpre uma função principalmente cerimonial. O presidente indica o primeiro-ministro, mas cabe ao parlamento aprovar a nomeação.
Milanović é crítico da intervenção ocidental na guerra da Ucrânia, sobretudo americana e britânica. Em janeiro de 2022, ele ameaçou retirar tropas croatas da Otan, aliança militar da qual a Croácia faz parte desde 2009, se houvesse uma escalada do conflito. Porém, Milanović foi contrariado pelo gabinete croata, que apoia a Ucrânia.
Primeiro-ministro: Andrej Plenkovic
Andrej Plenkovic é líder do principal partido conservador da Croácia, a União Democrática Croata (HDZ), e primeiro-ministro desde outubro de 2016. Além disso, ele liderou o partido nas eleições de 2020, realizadas em meio à pandemia de covid, que tiveram o menor nível de comparecimento desde 1990.
Depois de se tornar o partido mais votado, o HDZ formou uma maioria com pequenos partidos de centro-direita e o apoio de minorias étnicas, que ocuparam oito assentos no gabinete.
A principal agenda da coligação é lidar com a economia. Plenkovic se descreve como um conservador moderado, rejeitando excessos de retórica ou populismo.
Em contraste com o presidente do país, o social-democrata Zoran Milanović, Plenkovic tem apoiado a Ucrânia na guerra contra a Rússia e se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante uma visita ao país em março de 2022.
MÍDIA
Os meios de comunicação da Croácia gozam de um elevado grau de independência. A empresa estatal de rádio e TV, HRT, é financiada por uma taxa destinada à radiodifusão e também recebe receitas publicitárias.
Embora a TV pública seja a principal fonte de notícias e informações, a líder de audiência é a emissora privada Nova TV, que compete com a HRT. Além disso, existem três emissoras de rádio públicas nacionais, quatro canais comerciais nacionais, rádios públicas regionais e mais de 130 rádios locais e regionais.
O mercado de TV a cabo e via satélite é bastante desenvolvido e o setor de imprensa também é robusto, com seis diários nacionais e quatro regionais.
RELAÇÕES COM O BRASIL
O Brasil reconheceu a independência da Croácia em 24 de janeiro de 1992, e as relações diplomáticas foram formalmente estabelecidas em 23 de dezembro do mesmo ano. A Croácia tem uma Embaixada em Brasília desde 1997, e o Brasil abriu uma Embaixada em Zagreb em 2006.
Segundo o Itamaraty, a Croácia e o Brasil têm mecanismos de consultas políticas, nos quais se discutem temas multilaterais. A Croácia expressou seu apoio à aspiração do Brasil de obter um assento permanente num Conselho de Segurança reformado da ONU.
O Brasil recebeu sucessivas ondas de imigrantes croatas a partir do fim da Primeira Guerra Mundial, mas a comunidade tem pouca visibilidade no país. A maior parte dos croatas no Brasil vive em São Paulo.
LINHA DO TEMPO
Datas importantes na história da Croácia:
1918 - Assembleia nacional croata aprova a adesão ao novo Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos após a dissolução do Império Austro-Húngaro.
1929 - O Reino passa a se chamar Iugoslávia. Seu sistema de governo se torna ainda mais centralizado.
1939 - Sob o governo do Partido Camponês Croata, o país negocia um aumento da sua autonomia.
1941 - Invasão da Alemanha nazista e criação da "Grande Croácia", que compreende também a maior parte da Bósnia e da Sérvia ocidental. Um governo fantoche fascista é instalado sob Ante Pavelic.
1945 - Sob o comando de Josep Broz Tito, comunistas fazem uma dura campanha de resistência ao nazismo. A Croácia se torna uma das seis repúblicas constituintes da República Federativa Socialista da Iugoslávia, com Tito como primeiro-ministro.
1980 - Morte de Tito. Começa a lenta desintegração da Iugoslávia, com cada república afirmando o seu desejo de independência.
1990 - Primeiras eleições livres na Croácia em mais de 50 anos. Os comunistas perdem para o partido conservador nacionalista HDZ, liderado por Franjo Tudjman.
1991 - Croácia declara a sua independência. Croatas de origem sérvia expulsam os croatas com a ajuda do exército iugoslavo no leste do país. Quase um terço do território croata permanece sob controle sérvio.
1992 - A ONU estabelece quatro áreas protegidas na Croácia, com 14 mil tropas da ONU separando os croatas e os sérvios croatas. A Croácia também se envolve na guerra da Bósnia-Herzegovina (1992-1995), apoiando, primeiro, os bósnios de origem croata contra os bósnios de origem sérvia, e depois contra os bósnios muçulmanos.
1995 - Forças croatas retomam três das quatro áreas criadas pela ONU. Sérvios croatas fogem para a Bósnia e a Sérvia. Tudjman é um dos signatários dos acordos de paz de Dayton, que põem fim à guerra na Bósnia-Herzegovina.
1996 - Croácia restabelece relações diplomáticas com a Iugoslávia. País adere ao Conselho da Europa, uma organização internacional sediada em Strasbourg que inclui os 46 países da Europa. Seu objetivo é proteger a democracia e os direitos humanos e promover o estado de direito na Europa.
2001 - Tribunal Penal Internacional para crimes da ex-Iugoslávia, da ONU, acusa o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milošević de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na guerra da Croácia no início dos anos 90.
2004 - Milan Babić, líder sérvio croata durante a guerra, é condenado pelo tribunal da ONU a 13 anos de prisão. Babić foi o líder da autodeclarada região autônoma sérvia de Krajina, na Croácia, posteriormente República da Krajina Sérvia em 1991-1992. Ele foi condenado por perseguição e crimes de guerra contra não-sérvios nesse período.
2009 - Croácia adere oficialmente à Otan.
2010 - Visita do Presidente Josipovic a Belgrado sinaliza o descongelamento das relações com a Sérvia.
2013 - Croácia se torna o 28º país-membro da UE.