Decisão do STF contra Lula tem repercussão mundial
Por 6 a 5, Supremo negou o habeas corpus preventivo do petista
A rejeição do habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido na madrugada desta quinta-feira (5), ganhou repercussão internacional e foi destaque nos principais jornais do mundo.
O jornal italiano Corriere Della Sera destacou a votação de Rosa Weber como um provável "desfecho desfavorável" ao petista, principalmente porque a ministra era tida como a maior incógnita do julgamento apesar de ser contra a prisão de condenados em segunda instância.
Já o La Repubblica disse que o veredicto foi "sofrido", mas que o "jogo não está totalmente encerrado" pois Lula ainda "tem uma última carta para jogar", fazendo referência a possibilidade que a defesa do ex-presidente tem de protocolar até 10 de abril um novo recurso no TRF-4.
O habeas corpus de Lula foi negado por um placar de 6 a 5.
Rejeitaram o pedido o relator Edson Fachin e os ministro Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e a presidente da corte, Cármen Lúcia. Já Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello votaram pelo direito de Lula continuar em liberdade. Antes do término da votação, o site do jornal argentino "Clarín" enfatizou o resultado "dramático", que foi desempatado por Cármen. Além disso, publicaram um perfil de Lula e uma matéria explicando todos os passos do caso do tríplex do Guarujá (SP).
Já o espanhol El País manteve em seu site uma atualização em tempo real e acompanhou voto por voto, complementando com uma notícia com a explicação e significado do julgamento.
O jornal norte-americano The New York Times seguiu a mesma linha e fez a cobertura destacando que a corte do Brasil estava avaliando a petição de Lula para evitar sua prisão. O The Washington Post, por sua vez, recordou que apesar de tudo, Lula está no topo de todas as pesquisas de intenções de voto para a próxima eleição presidencial.
Na França, o Le Monde entrevistou um metalúrgico direto do sindicato onde o petista seguia o julgamento e destacou na sua capa que a derrota foi um "sinal verde ao encarceramento do ex-presidente".
O entrevistado ressaltou que "antes de falarmos apenas sobre a crise e o FMI. Lula mudou tudo, crianças pobres podiam ir para a universidade. Nas aldeias remotas, a água corrente e a luz chegaram".
Em uma dura crítica ao STF, a publicação ainda escreveu que a corte se recusou a julgar o "legado econômico e social" de um homem que era considerado um dos maiores líderes políticos do mundo e repercutiu as palavras de Toffoli de que o país 'não olha para seus pobres ou favelas".
O também francês Le Figaro ainda ressaltou que "o político de 72 anos está agora preso" nos tentáculos do maior escândalo de corrupção da história do país. A rede britânica afirmou que "Lula do Brasil deve iniciar período na prisão". Em um pequeno texto, o site informou que o ex-mandatário pode ser preso enquanto apela de sua condenação.
Lula foi condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.