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Democratas conquistam Câmara e impõem derrota a Trump

O partido, no entanto, não conseguiu o controle do Senado

7 nov 2018 - 08h14
(atualizado às 08h29)
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Não foi a "onda azul" que se imaginava, mas o Partido Democrata conseguiu retomar o controle da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos nas eleições legislativas de meio de mandato da última terça-feira (6) e impuseram uma dura derrota ao presidente Donald Trump.

Eleitores acompanham apuração de votos em Nova York
Eleitores acompanham apuração de votos em Nova York
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Com a apuração ainda em curso, a legenda progressista já garantiu ao menos 220 dos 435 assentos da Casa, dois a mais do que os 2018 que constituem a maioria simples, segundo dados oficiais. No Senado, no entanto, onde estavam em jogo 35 de suas 100 cadeiras, a maioria delas democratas, o Partido Republicano conseguiu segurar sua maioria, que deve ser até ampliada.

De acordo com os dados oficiais, os conservadores já garantiram ao menos 51 assentos (somando os que não estavam em jogo nestas eleições), o mesmo número que possuem agora, enquanto os democratas têm 45 - faltam ainda quatro assentos a serem designados.

Na disputa pela Câmara, os democratas conseguiram tomar quase 30 distritos que estavam com os republicanos, especialmente em áreas urbanas - as zonas rurais ainda se mostram amplamente pró-Trump -, catapultados por uma nova geração de políticos e pela maior participação feminina da história norte-americana.

O presidente já telefonou para a líder democrata na Câmara e provável futura mandatária da Casa, Nancy Pelosi, para parabenizá-la pelo sucesso nas eleições. Em público, no entanto, afirmou apenas que foi uma noite de "tremendo sucesso". "Obrigado a todos", escreveu no Twitter.

Com a Câmara em suas mãos, o Partido Democrata deve dificultar a vida de Trump no Congresso, onde ele já teve problemas para negociar algumas de suas bandeiras mesmo com maioria republicana, como a construção do muro na fronteira com o México e a revogação do sistema de saúde de Barack Obama.

Essa é a terceira vez que a Câmara muda de controle em apenas 12 anos. A Casa tem a prerrogativa de instaurar processos de impeachment contra presidentes, embora a decisão final caiba sempre ao Senado. "Graças a vocês amanhã será um novo dia na América", afirmou Pelosi, prometendo retomar os "controles constitucionais" sobre Trump.

Paul Ryan, atual presidente da Câmara, afirmou que o resultado mostra que "a história se repete". "O partido no poder sempre enfrenta desafios difíceis em suas primeiras eleições de meio de mandato. Parabenizo os democratas pela nova maioria na Câmara e os republicanos por terem mantido o Senado. Não é necessária uma eleição para saber que temos uma nação dividida, e agora devemos buscar um terreno em comum", disse.

Entre as "estrelas" da vitória democrata na Câmara está Ilhan Omar (Minnesota), originária da Somália e primeira refugiada a ser eleita representante. Ela também será a primeira mulher no Congresso a usar o hijab, o véu islâmico. Omar e Rashida Tlaib (Michigan), filha de palestinos, serão as primeiras muçulmanas no Parlamento norte-americano.

Os democratas também elegeram Sharice Davids (Kansas) como a primeira representante nativa-americana, e a latina Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), 29 anos, como a mais jovem membro do Congresso em toda a história.

Senado e governos

Na disputa pelo Senado, o Partido Republicano se aproveitou do fato de muitas cadeiras em jogo estarem nas mãos dos democratas e em estados onde Trump teve votações expressivas em 2016, o que já indicava uma manutenção do status quo na Câmara Alta.

Os conservadores conseguiram tomar três assentos dos progressistas (Dakota do Norte, Montana e Indiana), enquanto os democratas roubaram apenas um (Nevada). Além disso, os republicanos conseguiram manter a Flórida, com o ex-governador Rick Scott, e o Texas, com o ex-presidenciável Ted Cruz.

Essa última disputa, no entanto, representa um caso curioso: o candidato derrotado, Beto O'Rourke, já desponta como possível postulante à Casa Branca em 2020 por ter se mostrado altamente competitivo em um estado tradicionalmente conservador - a batalha terminou em 51% a 48,3%.

Os republicanos também devem garantir 21 dos 36 governos estaduais que estavam em jogo, inclusive a Flórida, onde menos de 100 mil votos separam o vitorioso Ron DeSantis do democrata Andrew Gillum.

Ansa - Brasil
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