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Descobertas em dados antigos sobre luas de Júpiter animam a Nasa

Reunindo as peças do mistério de Europa

1 jun 2018 - 15h17
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Europa é uma lua coberta de gelo orbitando Júpiter com um oceano global fluindo sob a superfície. A agência espacial americana NASA planeja uma missão que irá buscar possíveis sinais de vida no satélite.

Agora, novas descobertas feitas a partir de dados antigos tornam essa missão ainda mais interessante. Nos anos mais recentes, o Telescópio Espacial Hubble observou o que parecem ser colunas de erupção, provavelmente formadas por água ou vapor, chegando a mais de 160 quilômetros acima da superfície. As colunas, se de fato existirem, podem conter moléculas indicando se Europa possui os elementos primordiais da vida.

Num estudo recente publicado na revista Nature Astronomy, cientistas informaram uma descoberta tardia, revelando que a sonda Galileo, lançada anteriormente pela NASA para estudar Júpiter, parece ter atravessado uma das plumas vulcânicas de Europa. E isso ocorreu perto de uma das quatro regiões onde o Hubble observou plumas. "São coincidências demais para serem descartadas, como se não houvesse nada para observar ou não compreendêssemos os dados", disse Robert T. Pappalardo, cientista encarregado do projeto para a missão Europa Clipper, da NASA, que pode ser lançada já em 2022.

Lançada no espaço em 1989, a sonda Galileo chegou em Júpiter em 1995 e passou quase oito anos examinando o planeta e seus satélites.

Durante uma passagem perto de Europa em 16 de dezembro de 1997, os instrumentos da Galileo mediram uma alteração no campo magnético e um salto na densidade dos elétrons. Na época, os cientistas não souberam explicar o fenômeno. Então, em 2005, a sonda Cassini, da NASA, encontrou gêiseres de cristais de gelo em erupção em Enceladus, uma pequena lua de Saturno. Enceladus também tem um oceano de água líquida sob o gelo.

Isso despertou nova curiosidade a respeito de Europa e da possibilidade de também esta lua jorrar algo de seu oceano para o espaço. O Hubble observou os primeiros indícios de plumas vulcânicas em 2012, evento que se repetiu em 2014 e 2016. Mas, em outros momentos, o Hubble procurou indícios de colunas de erupção sem encontrá-los. Isso indica que as colunas de erupção são esporádicas.

No ano passado, Melissa A. McGrath, cientista sênior do Instituto SETI, em Mountain View, Califórnia, que não esteve envolvida com o estudo, analisou alguns dos experimentos com rádio realizados pela Galileo, que examinou a distorção dos sinais ocorrida quando Europa passava entre a sonda e a Terra. Os experimentos mostraram que Europa tem atmosfera.

Algumas das passagens da sonda pela lua indicaram uma maior densidade de partículas perto da superfície: possíveis colunas de erupção. Antes de participar de um encontro de cientistas trabalhando na missão Clipper mission, a Dra. McGrath teve uma ideia: "Seria interessante verificar se algum desses resultados condiz com alguma das supostas colunas de erupção observadas" pelo Hubble.

Com efeito, havia uma coincidência.

Margaret G. Kivelson, principal analista do magnetômetro da Galileo, estava na conferência da Dra. McGrath. Ela se lembrava das curiosas leituras magnéticas de 1997 e decidiu dar uma nova olhada nos dados.

"Tínhamos uma ideia do que seria a escala razoável de uma coluna de erupção", disse a Dra. Kivelson.

"Conseguimos traduzir isso em termos do tempo que seria necessário para a Galileo atravessar uma das colunas como foi sugerido."

A anomalia magnética de três minutos pareceu coincidir com o tamanho aparente da pluma observada pelo Hubble.

Em seguida, elas procuraram William S. Kurth, que contribuiu com o experimento de ondas de plasma da Galileo, ouvindo as ondas de rádio geradas quando partículas carregadas quicavam em campos magnéticos ao redor de Júpiter e suas luas. Esses instrumentos também registraram um surto de ondas de rádio durante uma passagem, que ocorreu bem no meio da anomalia magnética.

A peça final foi um modelo computadorizado de coluna de erupção criado pelo professor Xianzhe Jia, da Universidade de Michigan, que reproduziu os mesmos efeitos no campo magnético e nas ondas de plasma.

"Todos os dados apontavam na mesma direção", disse a Dra. Kivelson.

A localização era próxima do local indicado pela Dra. McGrath. Mas a Dra. McGrath disse que o novo estudo era convincente.

Os astrônomos vão continuar observando Europa com o Hubble, tentando entender melhor a frequência das erupções. O Dr. Pappalardo disse que pode ser possível ajustar a trajetória da Europa Clipper para que ela passe pelo local de uma potencial coluna de erupção. Uma sonda da agência espacial europeia chamada Juice, ou Módulo Explorador das Luas de Gelo de Júpiter, também vai sobrevoar Europa. Essa missão também pode ser lançada já em 2022.

Estadão
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