"Dias sombrios", lembra Gorbachev 30 anos após queda da URSS
"Não tinha o direito de agir de maneira diferente", disse o último presidente do bloco socialista
Último presidente da União Soviética (URSS), Mikhail Gorbachev deu entrevista à agência russa Tass, e falou sobre os momentos após a queda do bloco de países socialistas 30 anos depois. Segundo o russo, se tivesse sido feita uma "reforma a tempo", a União Soviética poderia ter sobrevivido como uma "união de Estados soberanos, mas era tarde demais".
Gorbachev renunciou em 25 de dezembro de 1991 e, no mesmo dia, a bandeira da URSS foi substituída pelo tricolor da Rússia. Formalmente, porém, o bloco se dissolveu um dia depois por ordem do Soviete Supremo.
"Foram dias bastante sombrios para a União Soviética, para a Rússia e também para mim. Mas, não tinha o direito de agir de maneira diferente. Em primeiro lugar, porque teria que ter deixado de ser eu mesmo. E depois, uma decisão do tipo militar, teria criado uma guerra civil seríssima e com consequências imprevisíveis. Eu estava certo de que esse era um cenário a se evitar de qualquer maneira", disse à Tass.
"É certo também que o país poderia ter sobrevivido também depois da tentativa de golpe de Estado em agosto de 1991, mas desde o início nós subavaliamos o caso e a profundidade dos problemas nas relações interétnicas e entre o centro e as repúblicas.Demorou-se muito tempo para entender que a União precisava de uma renovação", destacou.
Ainda conforme Gorbachev, uma "união de Estados soberanos" teria sido a melhor solução para as nações da área. "Em primeiro lugar, os países teriam virado membros das Nações Unidas, enquanto a União teria mantido o assento no Conselho de Segurança. As forças armadas e as armas nucleares teriam ficado sob um único comando. Estou certo de que teria sido muito melhor do que o que aconteceu após a queda da União Soviética", finalizou à Tass.
Gorbachev chegou ao poder em 1985 e iniciou uma série de reformas econômicas e políticas, que ficaram conhecidas como Perestroika e Glasnot. Muitos apontam, porém, que essas ações do então presidente foram os motivos que provocaram a dissolução da URSS.