Diocese de Roma 'tomará medidas' contra padre Rupnik por abusos
Jesuíta Marko Ivan Rupnik é um dos maiores nomes da arte sacra
A diocese de Roma anunciou nesta sexta-feira (23) que tomará "uma série de medidas", no âmbito de sua competência, no caso do padre jesuíta Marko Ivan Rupnik, acusado de abusos psicológicos e sexuais.
Segundo o cardeal vigário Angelo De Donatis, a Igreja intervirá nos cargos que Rupnik ocupa no Vicariato da capital italiana e no atelier artístico Centro Aletti.
"Embora considerando primário e fundamental acolher com profundo respeito a dor e o sofrimento de todas as pessoas envolvidas neste caso, peço que procedamos segundo um certo caminho: ministros de Cristo não podemos ser menos fiadores e caridosos que um Estado laico, transformando de plano uma denúncia em crime", disse De Donatis.
Em uma longa nota, o cardeal vigário de Roma explica a posição da diocese sobre o caso do jesuíta esloveno e assegura a sua colaboração à Companhia de Jesus.
Além disso, o religioso anuncia "medidas" a respeito dos cargos canónicos diocesanos - os únicos diretamente sujeitos à autoridade do cardeal vigário - "dos quais Rupnik ainda está investido, em particular o de reitor da Igreja S. Filippo Neri all'Esquilino e de membro da Comissão Diocesana de Arte Sacra e Patrimônio Cultural".
De Donatis ressalta ainda que a diocese de Roma "também está ciente de que deve refletir e possivelmente tomar medidas a respeito de uma atividade iniciada há muitos anos por Rupnik e seus colaboradores também em nosso ambiente diocesano".
"Apesar de ter até agora mantido uma relação pastoral multinível com a diocese de Roma, Rupnik não está em posição de submissão hierárquica ao cardeal vigário a nível disciplinar e possivelmente penal", acrescenta.
De Donatis também define os serviços ministeriais de Rupnik à Igreja de Roma como "numerosos e preciosos", "em particular a atividade de pregar em retiros, especialmente para o clero romano, e a atividade artística que o trouxe entre os 'outros para também decorar a Capela do Seminário Maior Romano".
"A Diocese de Roma, que até recentemente desconhecia os problemas levantados, não pode entrar no mérito das decisões tomadas por outros, mas garante, também em nome de seu bispo, todo o apoio necessário para a esperada solução positiva do caso, que cura as feridas infligidas às pessoas e ao corpo eclesial, levando, na medida do possível, a lançar plena luz e verdade sobre o que aconteceu", concluiu o cardeal na nota.
Artista, teólogo e padre jesuíta, Rupnik, 68 anos, é considerado um dos maiores nomes da arte sacra contemporânea e lidera o Centro Aletti, responsável por mosaicos de igrejas do mundo todo, incluindo o Brasil.
Nos últimos anos, o sacerdote foi alvo de várias denúncias de abusos sexuais cometidos no início dos anos 1990, na Comunidade Loyola, de freiras, na Eslovênia.
Recentemente, no entanto, um jornal italiano publicou a acusação de uma mulher que teria sido vítima de abusos psicológicos por parte do religioso em Roma. Ela alega que Rupnik "a dominou psiquicamente" durante o tempo em que ela trabalhou no Centro Aletti. .