O número de europeus que integram as forças islamistas no conflito na Síria e no Iraque subiu para mais de 3 mil, disse à BBC o coordenador de políticas antiterrorismo da União Europeia, Gilles de Kerchove.
Segundo ele, o número inclui os cidadãos que estiveram na região e retornaram à Europa, os que ainda estão lá e os que morreram em combate.
O comentário de De Kerchove vem horas depois da revelação de que um jihadista britânico foi morto nos ataques aéreos contra alvos extremistas realizados pelos Estados Unidos e seus aliados na região.
De acordo com o Observatório de Direitos Humanos, um grupo de monitoramento sírio baseado em Londres, o mais recente ataque americano ao Estado Islâmico na Síria - que matou 140 pessoas, entre elas 13 civis - tirou mais vidas de estrangeiros do que de sírios.
A adesão internacional ao Estado Islâmico preocupa autoridades europeias e americanas, pelo temor de que jihadistas europeus facilitem ataques terroristas na Europa e nos Estados Unidos.
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas adotou resolução vinculante que obriga seus estados membros a adotar medidas preventivas contra a adesão de seus cidadãos às forças extremistas.
Gilles de Kerchove alertou que a ação de forças ocidentais aumentou o risco de resposta violenta de militantes islamistas a alvos europeus.
"Temos que reconhecer que isso vai acontecer. Isso ficou claro com o caso da França", disse.
"Dias atrás (o Estado Islâmico) fez um comunicado de que irira retaliar a coalizão. Um homem francês foi sequestrado na Argelia e decapitado. Eles fizeram o que prometeram."
Na quarta-feira, o FBI (a polícia federal americana) afirmou ter descoberto a identidade do homem mascarado que aparece nos vídeos de decapitação de dois jornalistas americanos e de um agente humanitário britânico divulgados pelo grupo.
O sotaque britânico do homem chamou a atenção da mídia europeia.
Adesão crescente?
A agência de inteligência norteamericana, a CIA, estima que 31 mil estrangeiros integrem o Estado Islâmico.
Esta seria a maior adesão de estrangeiros a uma força militar de um conflito nacional desde a Guerra Civil espanhola, quando entre 30 mil e 35 mil estrangeiros lutaram pelas forças republicanas, em oposição ao general Franco, apoiado pela Alemanha nazista e pela Itália fascista.
As estimativas quanto à participação estrangeira vêm aumentando. Um estudo de junho do centro de estudos de inteligência Soufran Group afirma que, nos três primeiros anos da guerra na Síria, 12 mil estrangeiros tiveram participação em forças jihadistas.
Somente europeus, havia 2 mil em abril, segundo as estimativas de De Kerchove, contra cerca de 500 um ano antes.
O professor Peter Neumann, do King’s College de Londres, estima que cerca de 80% dos voluntários ocidentais tenham aderido ao Estado Islâmico no último ano. De acordo com estudo do Soufran Group, os voluntários têm entre 19 e 29 anos na maioria.
De Kerchove afirmou que o fato de o Estado Islâmico ter declarado um califado em junho pode ser uma das razões por trás da atração de mais estrangeiros para a luta extremista.
"Se você acredita no califado, provavelmente vai querer fazer parte dele o mais rápido possível", disse.
06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante
Foto: AP
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