Os Estados Unidos anunciaram na tarde desta segunda-feira que há evidências suficientes para afirmar que armas químicas foram usadas na guerra civil da Síria. O pronunciamento do secretário de Estado, John Kerry, representou a mais incisiva manifestação da Casa Branca sobre a situação do conflito do país árabe no que soou como uma clara mensagem de ação ao regime do contestado presidente Bashar al-Assad.
As evidências "estão gritando para nós", afirmou Kerry sobre os dados coletados por distintos e independentes grupos sobre as vítimas do suposto ataque químico da última quarta-feira. O secretário afirmou que os dados coletados - aos quais os Estados Unidos apresentarão outros nos dias seguintes - são suficientes para atestar um uso "em larga escala e indiscriminado" de armas químicas no conflito.
"Nosso senso de humanidade básica foi ofendido não apenas por esse crime, mas pela tentativa cínica de ocultá-lo", disse Kerry em uma acusação crítica direta e exclusiva ao governo pelo uso das armas químicas contra a população síria. "Todas as nações devem se erguer em nome da responsabilidade de que as armas químicas nunca sejam usadas novamente", completou ele, afirmando que os eventos da última semana representam uma "obscenidade moral" e deveriam "chocar a consciência do mundo".
Pouco depois do pronunciamento de Kerry, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, endossou a postura do governo americano. "Há pouquíssima dúvida em nossas cabeças de o regime sírio é culpado", disse Carney, acrescentando se tratar de uma "clara violação da norma internacional". O uso de armas químicas representa para o presidente americano, Barack Obama, a "linha vermelha" para a definição de uma intervenção para conter a violência da guerra civil síria, que já dura mais de dois anos e consumiu mais de 100 mil vidas.
Diversos casos do suposto uso desse tipo de armamento - banido pela ONU - se acumularam ao longo da guerra síria, mas na última semana um ataque na periferia de Damasco deixou o que se acredita que sejam pelo menos 300 mortos. Oposição e regime acusam-se mutuamente de responsabilidade enquanto crescem os indícios - sobretudo relatos de vítimas e de médicos da região - do uso de armas químicas.
Menino vítima de ataque com armas químicas recebe oxigênio
Foto: Reuters
Menina é atendida em hospital improvisado após o ataque
Foto: AP
Homens recebem socorro após o ataque com arma químicas, relatado pela oposição e ativistas
Foto: AP
Mulher que, segundo a oposição, foi morta em ataque com gases tóxicos
Foto: AFP
Homens e bebês, lado a lado, entre as vítimas do massacre
Foto: AFP
Corpos são enfileirados no subúrbio de Damasco
Foto: AFP
Muitas crianças estão entre as vítimas, de acordo com imagens divulgadas pela oposição ao regime de Assad
Foto: AP
Corpos das vítimas, reunidos após o ataque químico
Foto: AP
Imagens divulgadas pela oposição mostram corpos de vítimas, muitas delas crianças, espalhados pelo chão
Foto: AFP
Meninas que sobreviveram ao ataque com gás tóxico recebem atendimento em uma mesquita
Foto: Reuters
Ainda em desespero, crianças que escaparam da morte são atendidas em mesquita no bairro de Duma
Foto: Reuters
Menino chora após o ataque que, segundo a oposição, deixou centenas de mortos em Damasco
Foto: Reuters
Após o ataque com armas químicas, homem corre com criança nos braços
Foto: Reuters
Criança recebe atendimento em um hospital improvisado
Foto: Reuters
Foto do Comitê Local de Arbeen, órgão da oposição síria, mostra homem e mulher chorando sobre corpos de vítimas do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Nesta fotografia do Comitê Local de Arbeen, cidadãos sírios tentam identificar os mortos do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Homens esperam por atendimento após o suposto ataque químico das forças de segurança da Síria na cidade de Douma, na periferia de Damasco; a fotografia é do escrtitório de comunicação de Douma
Foto: Media Office Of Douma City / AP
"Eu estou viva", grita uma menina síria em um local não identificado na periferia de Damasco; a imagem foi retirada de um vídeo da oposição síria que documenta aquilo que está sendo denunciado pelos rebeldes como um ataque químico das forças de segurança da Síria assadista
Foto: YOUTUBE / ARBEEN UNIFIED PRESS OFFICE / AFP
Nesta imagem da Shaam News Network, órgão de comunicação da oposição síria, uma pessoa não identificada mostra os olhos de uma criança morta após o suposto ataque químico de tropas leais ao Exército sírio em um necrotério improvisado na periferia de Damasco; a fotografia, de baixa qualidade, mostra o que seria a pupila dilatada da vítima
Foto: HO / SHAAM NEWS NETWORK / AFP
Rebeldes sírios enterram vítimas do suposto ataque com armas químicas contra os oposicionistas na periferia de Damasco; a fotografia e sua informação é do Comitê Local de Arbeen, um órgão opositor, e não pode ser confirmada de modo independente neste novo episódio da guerra civil síria
Foto: YOUTUBE / LOCAL COMMITTEE OF ARBEEN / AFP
Agências internacionais registraram que a região ficou vazia no decorrer da quarta-feira
Foto: Reuters
Mais de mil pessoas podem ter morrido no ataque químico, segundo opositores do regime de Bashar al-Assad
Foto: Reuters
Cão morto é visto em meio a prédios de Ain Tarma
Foto: Reuters
Homens usam máscara para se proteger de possíveis gases químicos ao se aventurarem por rua da área de Ain Tarma
Foto: Reuters
Imagem mostra a área de Ain Tarma, no subúrbio de Damasco, deserta após o ataque químico que deixou centenas de mortos na quarta-feira. Opositores do governo sírio denunciaram que forças realizaram um ataque químico que matou homens, mulheres e crianças enquanto dormiam