Grupo ligado à Al-Qaeda sequestra padre e cristãos na Síria
Na Síria, os conflitos continuam na cidade de Kobani, na fronteira com a Turquia, apesar dos bombardeios da coalizão contra o EI
Um padre e vários cristãos foram sequestrados na Síria pela Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, que luta contra o regime do presidente Bashar al-Assad, informou nesta terça-feira a ordem franciscana do sacerdote.
A ordem franciscana está sem notícias do padre Hanna Jalluf e dos paroquianos que foram capturados no domingo à noite em Qunya (noroeste), perto da fronteira com a Turquia, informou a Custódia da Terra Santa.
"Não sabemos onde estão neste momento o padre Hanna e seus paroquianos. Atualmente não temos nenhuma maneira de entrar em contato com ele ou com os sequestradores", afirma o site da Custódia, que cobre Israel, os territórios palestinos e a Síria.
Qunya é uma localidade cristã da província de Idlib, onde a Frente Al-Nosra e outros grupos rebeldes lutam contra o exército de Assad.
Combates em Kobani
Militantes do Estado islâmico avançaram para o sudoeste da cidade curda síria de Kobani durante a noite, disse nesta terça-feira um grupo que monitora o conflito na Síria, tendo conquistado vários edifícios para ganhar posições no ataque pelos dois lados da cidade.
As forças curdas e os jihadistas voltaram a travar combates nesta terça-feira apesar dos ataques da coalizão internacional, considerados insuficientes pelos curdos.
Mais de 400 pessoas, em sua maioria combatentes curdos e jihadistas, morreram desde que o grupo Estado Islâmico (EI) iniciou em 16 de setembro uma ofensiva para tentar controlar a cidade curda síria de Kobane, informou uma ONG.
"Pelo menos 20 civis, 219 jihadistas do EI e 173 combatentes curdos e seus aliados morreram na batalha", afirma um comunicado do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de fontes civis, militares e médicas na Síria.
Depois de uma ofensiva iniciada há três semanas para tentar controlar a cidade estratégica curda, próxima da fronteira com a Turquia, os jihadistas do EI entraram na localidade na segunda-feira e ocuparam três bairros da zona leste, superando o combatentes curdos, que são menos numerosos e têm menos armas.
A perspectiva de que a cidade, na fronteira com o território turco, caia em mãos dos militantes aumentou a pressão sobre a Turquia, que tem o Exército mais poderoso da região, para se juntar a uma coalizão internacional na luta contra o Estado islâmico.
Do lado da fronteira turca, duas bandeiras do Estado islâmico podiam ser vistas sobre o lado leste de Kobani. Dois ataques aéreos atingiram a área e tiroteios esporádicos podiam ser ouvidos.
Combatentes do Estado Islâmico estavam usando armas pesadas e lançando projéteis no avanço sobre Kobani, disse a oficial do alto escalão curdo Asya Abdullah à Reuters, falando de dentro da cidade.
"Ontem houve um confronto violento. Lutamos arduamente para mantê-los fora da cidade ", disse ela por telefone. "Os confrontos não estão em toda a Kobani, mas em áreas específicas, nos arredores e em direção ao centro."
O grupo quer conquistar Kobani para consolidar uma ampla conquista de território no norte da Síria e do Iraque, em nome de uma versão absolutista do Islã sunita, que vem abalando o Oriente Médio.
Os aviões da coalizão liderada pelos Estados Unidos atacaram novamente nesta terça-feira as posições controladas pelo EI no sudoeste da cidade.
Se os jihadistas, que já ocupam grandes regiões do norte e do leste sírio, conquistarem a totalidade de Kobani, a terceira principal cidade curda da Síria, eles dominarão uma longa faixa ininterrupta de território na fronteira Síria-Turquia.
Muitos habitantes da cidade fugiram por temor das represálias dos jihadistas, que espalham o terror nas regiões que controlam na Síria e no Iraque, com estupros, execuções, perseguições e outras atrocidades.
Os combates nas ruas acontecem agora nos bairros do sul e oeste de Kobane (Ain al-Arab em árabe), anunciou o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH, uma ONG com sede na Grã-Bretanha), Rami Abdel Rahman.
Rahman também citou ataques da coalizão contra as posições do EI nos subúrbios do leste e sudeste da cidade.
Com informações da Reuters e AFP.