Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) enviaram um e-mail à família de James Foley alertando para a iminente execução uma semana antes de tornar público o vídeo da decapitação do jornalista americano na Síria, onde estava sequestrado desde novembro de 2012.
O "GlobalPost", um dos veículos em que o jornalista era colaborador, publicou nesta quinta-feira o e-mail que a família de Foley recebeu na terça-feira, 12 de agosto, no qual os jihadistas anunciaram que o matariam.
"Vocês e seus cidadãos pagarão o preço de seus bombardeios. O primeiro será o sangue do cidadão americano James Foley", escreveram na mensagem.
No e-mail, divulgado com a autorização da família, os jihadistas detalharam que o jornalista "será executado como consequência direta" da recente intervenção no Iraque, onde os Estados Unidos há mais de uma semana realizam ataques "seletivos" sobre posições do EI na zona norte.
O "GlobalPost" explicou no artigo que acompanha a mensagem dos jihadistas que não é certo, como disseram, que a família teve "muitas oportunidades de negociar" a libertação de Foley.
Ele foi sequestrado em novembro de 2012 e desde então sua família não teve nenhuma notícia dele até que em 26 de novembro de 2013 receberam uma mensagem de seus sequestradores que pedia 100 milhões de euros (R$ 227 milhões) em troca de sua libertação.
Os jihadistas também exigiram a libertação de vários prisioneiros jihadistas nos Estados Unidos.
A segunda e última vez que a família do jornalista teve notícias de seus sequestradores foi no último dia 12, apenas uma semana antes de ser publicado o vídeo com sua morte, dia 19.
No vídeo publicado nesta terça-feira pelos extremistas, antes de ser decapitado Foley se despede de sua família e acusa o governo americano de ser o responsável por sua execução por causa da recente intervenção no Iraque.
Nessas imagens aparece outro jornalista americano sequestrado, Steven Joel Sotloff, cuja vida "depende da próxima decisão de Obama", diz o carrasco na gravação.
Apesar destas ameaças, os Estados Unidos continuam a ofensiva aérea contra posições jihadistas do Estado Islâmico no norte do Iraque com novos ataques aéreos perto da estratégica barragem de Mossul, dentro da campanha iniciada para ajudar as tropas iraquianas a repelir o EI.
James Foley era americano e tinha 40 anos. Repórter experiente, cobriu o conflito na Líbia, antes de viajar para a Síria, onde trabalhou na revolta contra o regime de Bashar al-Assad para o site de informações americano GlobalPost, para a Agência France-Presse (AFP) e outros meios de comunicação. O jornalismo era para ele uma segunda carreira, uma vez que se inscreveu na Escola de Jornalismo da Northwestern University, aos 35 anos. Anteriormente, ele foi professor e ensinou detentos a ler e escrever em várias prisões
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
O vídeo intitulado "Mensagem aos Estados Unidos", difundido na terça-feira na internet, o EI mostra um homem encapuzado e vestido de negro que, com uma faca, degola o jornalista americano James Foley, desaparecido desde 2012. As imagens foram declaradas como verdadeiras pela Casa Branca e os próprios pais de Foley disseram acreditar na veracidade do vídeo que foi lançado nas redes sociais pelos extremistas
Foto: Reuters
No vídeo de seu assassinato, James passa uma mensagem à família e relaciona sua iminente morte ao recente bombardeio americano no Iraque para combater o EI no norte do país. Evidentemente coagido, ele diz: "Peço aos meus amigos, família e amados que se manifestem contra os meus verdadeiros assassinos, o governo dos EUA, porque o que irá acontecer comigo é somente o resultado da complacência e da criminalidade deles"
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
Em sua conta de Twitter, desatualizada desde 2012, quando foi sequestrado pelos extremistas islâmicos na Síria, Foley diz reporto do Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria. Um monte de perguntas, nenhuma resposta
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
A mãe e o irmão de James durante uma entrevista a um canal de TV americano, 2012 (foto).
Após as imagens divulgadas na internet do filho sendo decapitado, Diane Foley escreveu uma mensagem nas redes sociais dizendo ser muito orgulhosa de 'Jim'. "Ele percebeu que as histórias que ele queria contar eram as verdadeiras histórias, sobre a vida das pessoas, e ele via o jornalismo como uma maneira de dizer o que realmente acontece no mundo", contou em uma entrevista ao Columbia Journalism Review
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
A mãe do jornalista também pediu que os militantes libertem os outros reféns. "Como Jim, eles são inocentes. Eles não têm controle sobre a política do governo americano no Iraque, na Síria ou em qualquer lugar no mundo", escreveu
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
O pai do jornalista, John, também declarou que, antes de sua fatídica viagem para a Síria, "Jim tinha dito que havia encontrado sua paixão"
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
Foley trabalhou em todo o Oriente Médio, a serviço da publicação americana Global Post e outras empresas, como a agência de notícias francesa AFP
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
Ele cobriu a guerra na Líbia, quando ficou detido por mais de 40 dias. "Sou atraído pelo drama do conflito e por tentar expor estas histórias desconhecidas", disse ele à BBC em 2012
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
"Há violência extrema, mas há uma vontade de saber quem estas pessoas realmente são. E creio que isto é o que é realmente inspirador", disse Foley em uma entrevista antes de ser sequestrado, em novembro de 2012
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expressou revolta com a decapitação de Foley por militantes islâmicos e prometeu que seu país irá fazer o que precisar para 'proteger seus cidadãos'
Foto: Reuters
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, repudiou o assassinato horripilante do jornalista James Foley, um crime abominável que ressalta a campanha de terror que o Estado Islâmico continua a levar adiante contra os povos do Iraque e da Síria