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Distúrbios no Mundo Árabe

Sírios levam guerra "propagandística" à convenção Genebra 2

24 jan 2014 - 06h14
(atualizado às 06h14)
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Embora o objetivo seja estabelecer a paz na Síria, nem sequer a convenção de Genebra 2 ficou a salvo de ser usada como instrumento de propaganda pelos sírios, tanto do regime como da oposição, que viram na reunião um meio para divulgar seus ideais e atacar um ao outro.

Desde o começo do encontro, na terça-feira, na cidade suíça de Montreux, as redes sociais e, no caso das autoridades sírias, a televisão oficial do governo foram carregadas de palavras de ataque contra o outro lado.

A emissora estatal síria exibiu uma programação especial dedicada à conferência, da qual está fazendo uma ampla cobertura, embora, desde seu início, tenha atribuído diferentes tons aos discursos.

Após o discurso do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; do ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov; do secretário de Estado americano, John Kerry; e do chanceler sírio, Walid Muallem, que foram transmitidos normalmente, chegou a vez do presidente da delegação opositora, Ahmed Yarba, e a imagem foi dividida em duas.

"Os crimes cometidos pelos terroristas" dizia a mensagem escrita em metade da tela, que mostrou imagens de supostas torturas e ataques realizados pela oposição síria dentro do país, enquanto Yarba fazia seu discurso.

O mesmo ocorreu durante o discurso do chefe da diplomacia saudita, Saud al-Faisal, que a emissora estatal apresentou com o rótulo de "ministro das Relações Exteriores de sua família".

Os opositores também não resistiram à tentação de usar a convenção de Genebra como pretexto para atingir o regime.

Para a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), presidida por Yarba, Muallem nem Lavrov falaram durante a sessão inaugural, já que, em nenhum momento, o que disseram foi publicado em seu site, Twitter ou Facebook.

"Imagem do dia em Genebra 2" foi a legenda escolhida pela CNFROS para acompanhar uma foto divulgada nas redes sociais na qual aparecia um manifestante com um cartaz do presidente sírio, Bashar al Assad, na forca, com a frase: "Exigimos a execução do criminoso".

Tanto o regime quanto a oposição falaram durante o dia todo de manifestações de seus seguidores na Suíça e não pararam de denunciar supostos impedimentos que seus partidários sofreram para exercer o direito a protestar.

"Manifestantes pró Assad em Montreux são contra um protesto organizado por 'Mulheres pela paz' e há informações de que atacaram os participantes", garantiu um ativista opositor em um tweet.

A CNFROS também tuitou "houve ataques contra jornalistas pró-revolucionários promovidos por agentes a favor de Assad em Genebra 2".

Enquanto isso, a televisão oficial mostrava uma breve nota urgente na qual se queixava de que "um grupo de jornalistas", sem precisar sua afiliação, tinha impedido o trabalho da imprensa que acompanhava a delegação do governo sírio na cidade suíça.

A agência de notícias estatal "Sana" informou que centenas de sírios estavam concentrados diante do centro de imprensa da reunião internacional "para apoiar seu país na luta contra a conspiração árabe, regional e ocidental, à qual está exposta a Síria".

Ainda segunda a "Sana", a polícia suíça supostamente tinha proibido centenas de sírios, provenientes de outros lugares da Europa como Holanda, França e Bélgica de atravessar a fronteira para se reunirem em Montreux "a fim de apoiar a Síria e reafirmar a necessidade de uma solução política para a crise".

A guerra da propaganda não fez mais do que começar em Genebra 2, que terminará hoje e sobre a qual há poucas expectativas de êxito na solução do conflito sírio, que já dura quase três anos.

Apesar de as partes terem aceitado, pela primeira vez, sentar na mesma mesa de negociações, ainda há um longo caminho pela frente até que seja possível alcançar a paz.

EFE   
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