Dois institutos de pesquisa dos EUA dizem que resultados das eleições na Geórgia sugerem manipulação
Duas empresas de pesquisa dos Estados Unidos, encomendadas pelas forças de oposição da Geórgia, questionaram os resultados oficiais que mostraram que o partido governista Georgian Dream venceu a eleição parlamentar do último fim de semana no país do sul do Cáucaso, enquanto os partidos de oposição se preparavam para realizar um novo protesto na próxima semana.
A empresa norte-americana de dados e pesquisas Edison Research, encomendada pelo canal de televisão pró-oposição Formula, disse que as diferenças entre sua própria pesquisa de boca de urna e os resultados oficiais apontavam para uma "manipulação" da votação.
Na quinta-feira, a HarrisX, outro instituto de pesquisa dos EUA que realizou uma pesquisa de boca de urna para o canal de televisão pró-oposição Mtavari Arkhi, afirmou que os resultados oficiais eram "estatisticamente impossíveis".
Considerada fundamental para a ex-república soviética, a eleição ofereceu uma escolha entre uma maior integração europeia sob a oposição pró-ocidental ou laços mais estreitos com Moscou sob um partido governista que os críticos dizem ser cada vez mais autoritário.
Grupos de observadores, incluindo a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, com 57 países, afirmaram que violações como o enchimento de urnas, a intimidação de eleitores e o suborno podem ter influenciado a eleição, mas não chegaram a dizer que ela foi totalmente roubada. A Rússia negou ter interferido na eleição.
HarrisX e Edison previram que os quatro principais partidos de oposição da Geórgia teriam, juntos, uma maioria parlamentar. Uma terceira pesquisa de boca de urna, realizada pelo pesquisador georgiano GORBI para a rede de TV pró-governo Imedi, previu que o Georgian Dream obteria 56% dos votos.
A presidente pró-ocidental da Geórgia denunciou a eleição como fraudulenta e milhares de pessoas se reuniram após a votação em Tbilisi, a capital, para expressar seu descontentamento e devem fazê-lo novamente na segunda-feira.
A comissão eleitoral da Geórgia afirmou que o partido governista Georgian Dream, considerado controlado pelo bilionário fundador Bidzina Ivanishvili, venceu com 54% dos votos.
O Georgian Dream, que aprofundou os laços com a Rússia e irritou o Ocidente ao aprovar leis que não agradam a Washington e Bruxelas, afirma que a eleição foi livre e justa.
A pesquisa de boca de urna da Edison Research mostrou que o Georgian Dream obteve apenas 41% dos votos.
"A diferença de 13 pontos percentuais entre a estimativa da Edison e o resultado oficial de 54% para o Georgian Dream não pode ser explicada apenas pela variação normal e sugere uma manipulação da votação em nível local", afirmou em um comunicado.