Eleitores no Kansas votam por manter direito ao aborto
Mudança na lei local era desejo de políticos conservadores
Os eleitores do Kansas decidiram, por ampla maioria, vetar uma mudança para adicionar a proibição ao aborto na Constituição estadual, mostram os resultados do referendo realizado durante esta terça-feira (2).
Com 95% das urnas apuradas até o momento nessa quarta-feira (3), 58,8% dos eleitores votaram "não" e 41,2% optaram pelo "sim". Com isso, o direito ao aborto seguirá valendo no estado.
Essa é a primeira votação popular realizada desde que a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou o direito ao aborto em nível nacional, retirando um entendimento que existia há 50 anos sobre o famoso caso Wade v Roe, e determinou que os estados deveriam legislar sobre o tema.
O Kansas, um dos mais conservadores estados norte-americanos, quis então colocar uma proibição ao aborto na Constituição estadual. O resultado na localidade mostrou uma forte reação popular à retirada do direito e foi uma clara derrota para a classe política conservadora.
Para se ter ideia, nas eleições de novembro de 2020, o Kansas foi um dos locais em que o ex-presidente Donald Trump derrotou o atual mandatário, Joe Biden, nas urnas por mais de 15 pontos percentuais de diferença.
As próprias autoridades locais reconhecem que a participação popular no referendo foi bastante significativa e maior do que ocorre normalmente em votações primárias para eleições estaduais ou nacionais de republicanos e democratas.
Isso ainda é um claro sinal que, apesar do discurso político, a população norte-americana não apoia a decisão do Supremo e não vê a retirada do direito como algo positivo. O que liga o alerta para os republicanos nas eleições de novembro, em que as projeções indicam uma vitória fácil da oposição a Biden.
Após ficar nítido que o Kansas manteria o direito ao aborto, a principal associação dos EUA que defende a causa, o Center for Reproductive Rights, afirmou que o resultado "é uma vitória enorme para proteger os direitos das mulheres em cuidar do próprio corpo".
Por meio das redes sociais, Biden também comemorou o resultado.
O governo dele é um dos principais defensores do direito à escolha das mulheres e tem facilitado o acesso a pílulas abortivas - além de impedir que estados tentem bloquear o trânsito de mulheres que queiram abortar em locais em que a ação é autorizada.
"Os cidadãos do Kansas usaram suas vozes para proteger o direito das mulheres em escolher e ter acesso ao sistema de saúde reprodutivo. É uma importante vitória para o Kansas, mas também para cada norte-americano que acredita que as mulheres podem fazer suas próprias decisões sem a interferência do governo", escreveu. .