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Em bênção de Natal, Papa lamenta violência contra mulheres

Pontífice destacou importância do diálogo para solucionar crises

25 dez 2021 - 09h00
(atualizado às 09h43)
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Na tradicional bênção "Urbi et Orbi" ("À cidade e ao mundo"), realizada neste sábado (25) na Praça São Pedro, o papa Francisco lamentou a violência contra as mulheres e contra as crianças e adolescentes no mundo.

Em bênção 'Urbi et Orbi', Papa Francisco citou os problemas do mundo atual
Em bênção 'Urbi et Orbi', Papa Francisco citou os problemas do mundo atual
Foto: Vatican Media / Ansa - Brasil

Tradicionalmente, na cerimônia, são lembrados os principais problemas e crises que afetam a sociedade atual. Neste ano, milhares de pessoas acompanharam a celebração sob uma fina chuva.

"Filho de Deus, conforte as vítimas da violência das mulheres que aumentou nesse tempo de pandemia. Oferece esperança às crianças e adolescentes que são alvo de bullying e abusos. Dê consolo e afeto aos idosos, sobretudo, àqueles que estão mais sozinhos. Dê serenidade e unidade às famílias, lugar primário da educação e base do tecido social", disse Francisco.

Ainda citando a pandemia de Covid-19, dizendo que ela também colocou "à dura prova" a via do encontro e das relações sociais por conta do isolamento, o líder católico voltou a cobrar uma distribuição justa das vacinas para os mais pobres.

"Deus conosco, concede saúde para os doentes e inspira todas as pessoas de boa vontade a encontrar soluções mais idôneas para superar a crise sanitária e as suas consequências. Torne os corações generosos para fazer com que os cuidados necessários cheguem, especialmente as vacinas, às populações mais necessitadas e recompense todos aqueles que demonstram atenção e dedicação no cuidado dos familiares, dos doentes e dos mais frágeis", acrescentou.

Conflitos e diálogo

O início da bênção foi voltado totalmente para a importância do diálogo na sociedade humana e nas orações para as guerras "sem fim" que atingem diversos países, especialmente, no Oriente Médio e na África.

"Há algumas guerras que parece que não terminam nunca. Nos habituamos a tal ponto com isso que imensas tragédias passam em silêncio em nossas vidas e arriscamos a não ouvir mais os gritos de socorro dos nossos irmãos e irmãs", alertou.

"Pensemos no povo sírio, que vive há mais de uma década em uma guerra que provocou muitas vítimas e um número incalculável de refugiados. Olhemos para o Iraque, que sofre ainda para se reerguer após um longo conflito. Escutemos o grito das crianças do Iêmen, onde prossegue uma tragédia esquecida por todos, há anos, que está se consumando em silêncio e provocando mortes a cada dia", afirmou aos presentes.

O líder católico ainda lembrou das "tensões entre israelenses e palestinos, que se enfrentam sem solução, com cada vez mais consequências sociais e políticas".

Ainda sobre a área, Francisco destacou o novo fechamento das fronteiras por Israel por conta da pandemia de Covid-19 e sobre as críticas das igrejas cristãs locais sobre como isso afeta a peregrinação para lugares considerados sagrados.

Outro país citado foi o Líbano, que constantemente aparece nas orações de Francisco ao longo do ano, e que, neste sábado, ele lembrou que a nação sofre "uma crise sem precedentes com condições econômicas e sociais muito preocupantes".

Ainda falando sobre os conflitos, Jorge Mario Bergoglio pediu para que Jesus apoie "todos aqueles que estão empenhados em dar assistência humanitária às populações obrigadas a fugir de suas pátrias".

"Conforta o povo afegão, que há mais de 40 anos está vivendo sob o duro desafio dos conflitos que obriga muitos a deixar o país. Rei das pessoas, ajude as autoridades políticas a pacificar as sociedades afetadas por tensões e contrastes. Apoie o povo de Myanmar, onde a intolerância e a violência atingem também a comunidade cristã e os locais de culto, e obscurecem a face pacífica daquela população", disse ainda.

O Pontífice lembrou da Ucrânia, que voltou para o centro das atenções mundiais por conta da possibilidade de um novo conflito bélico com a Rússia, e pediu que Deus "dê luz e apoio para quem acredita e opera, andando contra a corrente, pelo encontro e pelo diálogo e não permita que aumente na Ucrânia a metástase de um conflito canceroso".

Em outro ponto das guerras, o Papa fez um pedido especial para que "tantos prisioneiros de guerras, civis e militares, dos recentes conflitos, e aqueles que estão encarcerados por razões políticas" consigam voltar para casa "logo".

Um dos temas mais caros a Francisco, os migrantes, também foram citados nas orações nesse momento.

"Não nos deixe indiferentes perante o drama dos migrantes, dos asilados e dos refugiados. Os seus olhos pedem que nós não viremos para o outro lado, de não renegar a humanidade deles, de fazer das histórias deles as nossas histórias e não esquecer os seus dramas", acrescentou.

Uma boa parte da bênção foi voltada para a África, com citação de diversos países e conflitos locais.

"Príncipe da Paz, ajude a Etiópia a reencontrar o caminho da reconciliação e da paz através de um confronto sincero que coloque em primeiro lugar as exigências das pessoas. Escute o grito das populações da região do Sael, que sofrem com a violência e o terrorismo internacional. Volte o olhar para os povos dos países do Norte da África, que são afetados pelas divisões, pelo desemprego e pela disparidade econômica. Alivia o sofrimento de tantos irmãos e irmãs que sofrem com os conflitos internos no Sudão e no Sudão do Sul", pontuou.

Já as Américas foram abordadas de maneira rápida e como um só local, sem citações específicas a nações.

"Faça com que prevaleça nos corações dos povos do continente americano os valores da solidariedade, da reconciliação e da pacífica convivência, através do diálogo, o respeito recíproco e o reconhecimento de direitos e dos valores culturais de todos os seres humanos", afirmou. .

Ansa - Brasil
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