Em dissonância com o marido, Melania Trump sugere que apoia direito ao aborto
Melania Trump, a esposa do ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, afirmou em um vídeo nesta quinta-feira que "não há espaço para concessões" no que diz respeito ao direito da mulher à "liberdade individual", adotando posição sobre o aborto que aparentemente conflita com a do marido. O comentário de Melania ocorre em momento no qual Trump e seu candidato a vice, o senador JD Vance, tentam suavizar as posições do Partido Republicano quanto ao tema, que representa um grande obstáculo para Trump obter os votos femininos de que precisa antes da eleição presidencial de 5 de novembro.
"A liberdade individual é um princípio fundamental que eu defendo", afirma Melania em vídeo publicado na plataforma X para promover seu livro de memórias, que deve ser publicado na semana que vem. "Sem dúvida, não há espaço para concessões quanto ao direito fundamental que as mulheres possuem a partir do nascimento, a liberdade individual. O que significa realmente 'meu corpo, minhas regras'?"
Melania Trump, uma ex-modelo que foi primeira-dama durante o mandato do marido, de 2017 a 2021, tem estado majoritariamente ausente da campanha, e possui um histórico de enviar mensagens cifradas quando faz comentários públicos. Em 2018, em visita à fronteira dos EUA, usou uma jaqueta com a frase: "Eu não me importo, e você?", algo que ficou sem explicação definitiva. Mas, em trecho de suas memórias que foi publicado pelo jornal britânico The Guardian na quarta-feira, ela foi mais explícita em sua posição quanto ao aborto.
"O direito fundamental das mulheres à sua liberdade individual, à sua própria vida, dá a elas a autoridade para interromperem a gravidez se assim desejarem", afirmou. A campanha de Trump não respondeu imediatamente a um pedido para que comentasse sobre o vídeo.
Quando presidente Trump nomeou três juízes para a Suprema Corte que, em 2022, ajudaram a derrubar a decisão favorável ao aborto do caso Roe vs Wade. Desde as primárias republicanas deste ano, ele vem tentando oferecer uma visão mais híbrida sobre o assunto, buscando assim o apoio de eleitores moderados e independentes. Ele citou que a proibição do aborto após a sexta semana de gravidez é rígida demais, e afirmou que seria contra uma proibição nacional ao procedimento. Trump também apoiou a autorização para aborto em casos de estupro ou incesto, ou em caso de risco para a saúde da gestante. Sua adversária, a democrata Kamala Harris, atual vice-presidente, enfatiza seu apoio ao direito ao aborto e defende a restauração total das proteções constitucionais. Porta-voz da campanha de Harris, Sarafina Chitika disse: "Infelizmente para as mulheres dos Estados Unidos, o marido da sra. Trump discorda fortemente dela, e essa é a razão pela qual uma a cada três mulheres nos EUA vive sob uma proibição do aborto feita por Trump". Pesquisas de opinião mostram consistentemente que uma ampla maioria dos norte-americanos apoia o direito ao aborto.