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Encontrar a cura do Ebola não será difícil, diz especialista

Embora letal, a doença não é tão transmissível quanto se pensa e cientistas estão perto de encontrar um tratamento, afirma professor da Universidade de Columbia Vincent Racaniello

6 ago 2014 - 12h24
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Voluntários enterram o corpo de uma pessoa infectada pelo vírus Ebola, em uma sepultura em Kailahun, em 2 de agosto
Foto: WHO/Tarik Jasarevic / Reuters

Tema de livros e filmes apavorantes, o vírus Ebola ganhou seu lugar no imaginário mundial como doença altamente mortal. Nos últimos meses, o novo surto começou a se espalhar para além dos locais onde o vírus é endêmico e inspirou cautela nas autoridades mundiais de saúde. Mas a realidade é que medidas simples de controle de infecção podem impedir a contaminação e já existem tratamentos experimentais.

Um deles foi ministrado aos missionários Kent Brantly and Nancy Writebol. Originários da Carolina do Norte, eles contraíram a doença combatendo o surto na Libéria e foram transportados para o hospital da Emory University, em Atlanta, mesma cidade que sedia o Centro de Controle de Doenças (CDC), a agência americana de vigilância da saúde. 

Chamada ZMapp, a substância foi obtida pela Mapp Biopharmaceutical, de San Diego. A empresa contaminou ratos com o vírus e extraiu os anticorpos, que foram então adaptados para reagir com o sistema imunológico humano. Ela afirma que está acelerando a produção do tratamento.

Vincent Racaniello, professor de microbiologia da Universidade Columbia e autor do blog virology.ws, diz, em entrevista ao Terra, que encontrar uma vacina para o ebola não será difícil. “Vários candidatos promissores já estão sendo desenvolvidos”. Para ele, o verdadeiro desafio é impedir o fechamento de laboratórios com nível de biossegurança 4, onde tais vacinas são testadas em animais. “As pessoas, exigindo a eliminação dessas instalações, deveriam pensar duas vezes”, afirma.

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Foto de arquivo mostra o médico americano, Kent Brantly, que contraiu o vírus na África e ficou em estado grave
Foto: AFP

Algumas vacinas contra o ebola estão prontas para testes em humanos, conta Racaniello. Ele discorda da afirmação de que o número de pessoas contaminadas com a doença, numa das regiões mais pobres do mundo, vai prejudicar a busca pela cura. 

“Acredito que o desenvolvimento de uma vacina será subsidiado pelos países ricos, então atrair o interesse das farmacêuticas não seria problema. E os EUA certamente comprariam o tratamento para casos de contaminação em laboratórios ou bioterrorismo”.

Dissipando o alarmismo suscitado pela doença, Racaniello não acredita que o presente surto na África Ocidental marca um ponto importante na história do ebola, descoberto em 1976. “Não há nada de novo nesse surto, exceto o fato de que hospitais despreparados, desprovidos de medidas de isolamento, e os hábitos familiares de sepultamento na África, estão ajudando a espalhar a doença. Ela pode ser vencida com medidas apropriadas de controle de infecção”, diz.

Pesquisas

O Centro Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), uma agência governamental com orçamento anual de US$30 bilhões, vem financiando vários tratamentos promissores para o ebola. Algumas pesquisas, que já ocorrem há uma década, foram realizadas num laboratório do Exército americano em Fort Derrick, Maryland. 

Além da Mapp, o CDC informa que as empresas Tekmira e Biocryst Pharmaceuticals receberam recursos do Departamento de Defesa dos EUA para pesquisar tratamentos. O Departamento de Defesa também está colaborando com uma empresa chamada Newlink para criar uma vacina. A Byocryst vai começar a testar uma vacina ainda este ano.

A preocupação com o avanço da doença motivou a criação de uma petição no site change.org pressionando o governo americano a acelerar o desenvolvimento da vacina. Mais de 50 mil pessoas já assinaram o documento online e o site informa que aidna faltariam 24.800 apoiadores.

A decisão de trazer os missionários para os EUA pode ajudar a entender melhor como tratar o vírus, mas o risco de espalhar a doença no país provocou críticas, forçando as autoridades a dar garantias de que a chance de surto nos EUA é pequena.  O CDC informou ter recebido mais de 100 ligações questionando a decisão de tratar os pacientes nos EUA. 

A atual epidemia é a pior desde que o vírus foi identificado. Enquanto o total de casos até então era de 2.000, o surto na África Ocidental já contaminou mais de 1.700 pessoas e matou 932, segundo a OMS. 

Autoridades no hospital Mount Sinai, em Nova York, aguardam os resultados de testes para confirmar se um paciente hospitalizado na segunda-feira realmente tem o vírus. O resultado deve chegar nos próximos dias. O paciente viajou à África recentemente, mas os médicos duvidam que ele seja portador da doença.

Foto: Arte Terra

Fonte: Especial para Terra
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