Escândalo derruba líder da extrema direita na Áustria
Heinz-Christian Strache foi filmado em vídeo comprometedor
O vice-chanceler da Áustria, Heinz-Christian Strache, líder do principal partido de extrema direita do país, renunciou ao cargo neste sábado (18), às vésperas das eleições para renovar o Parlamento da União Europeia.
Strache foi derrubado por um vídeo publicado pela imprensa alemã que o mostra conversando em um apartamento em Ibiza, na Espanha, com Aljona Makarowa, suposta neta de um oligarca russo próximo ao presidente Vladimir Putin. A gravação foi feita em 2017.
Ao lado do líder do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) no Parlamento, Strache negocia financiamentos milionários para sua campanha eleitoral em 2017, ano que marcou a chegada da extrema direita ao poder no país. A contrapartida de Strache seria favorecer empresas russas em contratos públicos e flexibilizar a lei sobre financiamento de partidos.
No vídeo, Makarowa fala até em investir 250 milhões de euros para comprar veículos de imprensa na Áustria, especialmente o jornal Kronen Zeitung. "Se você comprar o Kronen Zeitung três semanas antes das eleições e nos colocar em primeiro lugar, podemos falar sobre tudo", disse Strache na reunião em Ibiza.
A mulher, no entanto, estava apenas fingindo ser neta de um oligarca, e a reunião era uma armadilha para o líder de extrema direita. "Os jornais esperaram dois anos para perpetrar este atentado político fabricado secretamente", disse Strache, após uma reunião com o chanceler conservador Sebastian Kurz.
A denúncia chega no dia em que a extrema direita europeia realiza um comício em Milão, na Itália, em vista das eleições na UE, que acontecem de 23 a 26 de maio.
O FPÖ seria representado por seu principal candidato no pleito, o eurodeputado Harald Vilimsky, mas ele acabou cancelando sua participação no evento por conta do escândalo. O também europarlamentar Georg Mayer estará em seu lugar.
Em sua coletiva de imprensa, Strache anunciou que também deixa o comando do FPÖ e admitiu que cometeu um "erro". Segundo ele, o partido continuará na coalizão que dá sustentação a Kurz.