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Especial/Guia para entender a crise na Líbia

País será tema de conferência internacional em 19 de janeiro

17 jan 2020 - 18h29
(atualizado às 18h47)
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A cidade de Berlim, na Alemanha, receberá no próximo domingo (19) mais uma conferência internacional para tentar pacificar a Líbia, que, na prática, não existe hoje enquanto Estado unitário. Veja abaixo alguns tópicos para entender a crise em um dos maiores países da África.

Especial/Guia para entender a crise na Líbia
Especial/Guia para entender a crise na Líbia
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

    A crise - A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias. De um lado está um "governo de união nacional" guiado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata. O premier é reconhecido como legítimo pelas Nações Unidas (ONU) e pela União Europeia e conta com suporte militar da Turquia.

    Do outro lado está o marechal Khalifa Haftar, que chefia o Exército Nacional Líbio, um conjunto de milícias fiel a um parlamento paralelo estabelecido em Tobruk, no leste do país.

    Haftar tem apoio declarado do Egito e dos Emirados Árabes Unidos, além da simpatia de França e Rússia.

    O marechal se considera inimigo do Islã político e não reconhece a legitimidade do governo Sarraj - instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015. Suas forças controlam a maior parte da Líbia, principalmente o leste e o desértico sul.

    Apelidado no país de "senhor da guerra", Haftar foi aliado de Kadafi e o ajudou a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o coronel em 1987. O marechal se exilou nos Estados Unidos, onde ganhou cidadania, e liderou tentativas de golpe contra Kadafi.

    Ofensiva - Haftar iniciou, em abril passado, uma ofensiva para conquistar Trípoli e reunificar a Líbia sob seu poder. O marechal alega que a capital está tomada por "terroristas", mas avançou pouco em nove meses de conflitos.

    A ofensiva teve início 10 dias antes de uma conferência internacional de paz convocada pela ONU em Gadamés, na tríplice fronteira com Tunísia e Argélia. A cúpula acabou cancelada.

    Trégua - Ao menos oficialmente, o conflito na Líbia está paralisado por uma trégua provisória em vigor desde a meia-noite de 12 de janeiro, mas há inúmeras denúncias de violações do cessar-fogo de ambos os lados.

    Conferências precedentes - A cúpula de Berlim não será a primeira tentativa de pacificar a Líbia. Em julho de 2017, Sarraj e Haftar se reuniram na França com o presidente Emmanuel Macron e prometeram realizar eleições no primeiro semestre do ano seguinte, plano que nunca saiu do papel.

    Já em 12 de novembro de 2018, a Itália fez uma conferência de paz em Palermo, mas o evento não alcançou resultados concretos e foi parcialmente boicotado por Haftar, que participou apenas de encontros informais na cidade siciliana.

    Participantes - Além da anfitriã, a chanceler Angela Merkel, a cúpula de Berlim terá os dois protagonistas dos conflitos, Sarraj e Haftar, e líderes do primeiro escalão internacional.

    Os presidentes da Turquia, Tayyip Erdogan, e da Rússia, Vladimir Putin, artífices do cessar-fogo em vigor atualmente, estarão presentes, assim como os mandatários da França, Emmanuel Macron, e do Egito, Abdel Fattah al-Sisi.

    A Itália será representada pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte e pelo chanceler Luigi Di Maio, enquanto o secretário de Estado Mike Pompeo irá a Berlim em nome dos EUA.

    Efeitos do conflito - A fragmentação da Líbia provocou dois efeitos com repercussão no contexto internacional. O primeiro é o avanço de grupos terroristas, incluindo o Estado Islâmico, e o segundo é o domínio do litoral por traficantes de seres humanos.

    Com isso, a Líbia se tornou um dos principais vetores da crise migratória no Mediterrâneo. Centenas de milhares de deslocados internacionais saíram de sua costa em barcos superlotados com destino à Itália nos últimos anos, o que faz Roma colocar sua ex-colônia como prioridade na política externa.

    A Guarda Costeira subordinada a Sarraj é treinada e equipada pelo governo italiano desde 2017, o que ajudou a reduzir o número de migrantes nessa rota do pico de 181 mil em 2016 para 11,47 mil em 2019.

Ansa - Brasil
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