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Especialista reconstitui suposta face de Jack, o estripador

Especialista faz retrato falado de alemão que seria Jack, o estripador

31 ago 2011 - 08h10
(atualizado às 13h38)
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Xanthe Mallett*
Da BBC Brasil

Há exatos 123 anos, Jack, o estripador fez a sua primeira vítima. Mas quem era este assassino em série? Um novo retrato falado computadorizado pela primeira vez deu um rosto a um dos principais suspeitos de ter sido o criminoso, o alemão Carl Feigenbaum.

Antropóloga forense de universidade escocesa reconstitui a face do suspeito de ser Jack, o estripador
Antropóloga forense de universidade escocesa reconstitui a face do suspeito de ser Jack, o estripador
Foto: BBC Brasil

Os crimes de Jack, o estripador, constituem os mais célebres crimes não solucionados da história. A identidade do homem que matou brutalmente cinco mulheres na região Leste de Londres no outono de 1888 permanece sendo um mistério. Já foram apontados mais de 200 suspeitos. Mas para o especialista em Jack, o estripador Trevor Marriott, um ex-especialista da Divisão de Homicídios da Polícia britânica, o comerciante alemão Carl Feigenbaum é o principal suspeito.

Condenado por ter assassinado a sua senhoria em Manhattan, Nova York, Feigenbaum morreu na cadeira elétrica na prisão de Sing Sing, em 1894. Seus advogados também suspeitavam que ele teria sido Jack, o estripador. Não existem fotos de Feigenbaum. Por isso, Marriott criou um retrato falado para o programa de TV da BBC National Treasures Live, a partir das descrições contidas na ficha de Feigenbaum do período em que ele estava em prisão preventiva.

Pistas

Por que Marriott acredita que Feigenbaum seja Jack, o estripador? Documentos de polícia e centenas de cartas endereçadas a autoridades e jornais nos oferecem algumas pistas.

Há muito se acredita que Jack posse ter tido conhecimento de anatomia devido à perícia que demonstrava em retirar os órgãos de suas vítimas. Mas é possível que elas tenham tido seus órgãos retirados no mortuário, em vez de pelo próprio Jack, no local dos crimes. O Ato de Anatomia de 1832 tornou legal que equipes médicas retirassem órgãos de vítimas, para fins de tratamento.

A teoria é reforçada por documentos ligados à quarta vítima, Catherine Eddowes. A investigação mostra que houve apenas um espaço de 14 minutos entre o horário em que a polícia percorreu pela última vez o quarteirão em que ela foi morta e o horário em que seu corpo foi descoberto.

Isso seria tempo o suficiente para alguém ter morto Eddowes, removido seu útero com precisão cirúrgica e realizar tudo isso na mais completa escuridão? Independentemente do conhecimento médico de alguém, isso parece improvável.

Portanto, Marriott acredita que Jack não era necessariamente um cirurgião, no final das contas. Ele passou a investigar outros grupos de pessoas que poderiam ter estado no local. A região de St Katharine e as docas de Londres ficam a uma breve caminhada do bairro de Whitechapel, local apinhado de marinheiros mercantes devido aos seus vários prostíbulos. Essa proximidade teria permitido que o assassino retornasse ao seu barco sem ser notado. O hiato entre os assassinatos também sugere que o criminoso poderia ter sido um viajante.

A teoria também se alinha com outros fatos. Embora alguns acreditem que o assassino fosse um morador de Whitechapel, se fosse esse o caso, os moradores locais não teriam entregado-o à polícia? Especialmente, após uma recompensa ter sido oferecida. Após algumas investigações, Marriott encontrou documentos que mostraram que a Nord Deutsche Line, uma companhia de navios mercantes, tinha um navio atracado em Londres na época. Quando Marriott passou a investigar os marinheiros a bordo do navio, ele se deparou com o criminoso condenado Feigenbaum.

Após ter viso seu cliente morrer na cadeira elétrica, o advogado de Feigenbaum, William Lawton, disse à imprensa que acreditava que Feigenbaum fosse o assassino estripador de Londres. De acordo com o advogado, Feigenbaum havia confessado que sofria de uma doença que periodicamente o levava a assassinar e mutilar mulheres.

Que doença era essa que o fazia cometer atos tão brutais? Atualmente, um psiquiatra poderia descrevê-la como um surto psicótico. Felizmente, poucas pessoas com tendências psicóticas se tornam assassinos em série, mas aqueles que o fazem, adquirem uma má reputação incapaz de ser equiparada por qualquer crime.

Na época, todos acreditavam que as cinco vítimas haviam sido mortas pelo mesmo homem. Mas ao revisar as provas, Elizabeth Stride pode ter morrido nas mãos de outro assassino, já que tudo que diz respeito à sua morte é diferente dos demais crimes.

"Primeiramente, há o local em que o crime ocorreu e a faca usada para cortar a garganta da vítima, quer era muito menor do que as que foram usadas em outras vítimas, eis o motivo pelo qual o corte em sua garganta foi bem menor e pelo qual ela não tinha outras mutilações", disse Marriott. "O local era diferente de todos os outros. O assassinato ocorreu ao lado de um clube de trabalhadores que estava cheio de homens na ocasião."

E agora pairam também dúvidas a repeito da morte de outra das supostas vítimas do estripador, Mary Kelly. "Novos documentos que vieram à tona sugerem que não se tratava de Mary Kelly, mas sim de uma outra pessoa. Se for este realmente o caso, pode haver uma motivação e possíveis suspeitos em relação a seu assassino."

Como antropóloga forense, se debruçar sobre o mais célebre crime não solucionado é um privilégio. Em princípio, julguei que Carl Feigenbaum fosse o assassino em série. Ele pode te sido o autor de um dos crimes ou talvez de todos. Nós lançamos luz sobre este caso antigo, mas ele certamente não está solucionado. E este conto sombrio possui muitos outros segredos que precisam ser esclarecidos antes que possamos dizer, com certeza, o nome do homem a quem chamamos de Jack, o estripador.

*Antropóloga forense da Universidade de Dundee, Escócia

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