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Especialistas questionam OMS sobre disseminação "rara"

Especialistas questionaram o comentário da OMS de que a transmissão da covid-19 por parte de pessoas sem sintomas é "muito rara"

9 jun 2020 - 12h03
(atualizado às 12h17)
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Especialistas em doenças transmissíveis questionaram nesta terça-feira o comentário da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a transmissão da covid-19 por parte de pessoas sem sintomas é "muito rara", dizendo que esta orientação poderia criar problemas à medida que países tentam sair de isolamentos.

Maria van Kerkhove, epidemiologista e principal técnica da OMS para a pandemia de coronavírus, em Genebra
28/02/2020
REUTERS/Denis Balibouse
Maria van Kerkhove, epidemiologista e principal técnica da OMS para a pandemia de coronavírus, em Genebra 28/02/2020 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters

Maria van Kerkhove, epidemiologista e principal técnica da OMS para a pandemia de coronavírus, disse na segunda-feira que muitos países que realizam o rastreamento de contatos identificaram casos assintomáticos, mas não descobriram que eles aumentaram a disseminação do vírus. "É muito raro", disse.

"Fiquei bastante surpreso com o comunicado da OMS", disse Liam Smeeth, professor de epidemiologia clínica da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que acrescentou que não viu os dados nos quais o comunicado de Kerkhove se baseou.

"Vai contra as minhas impressões dos indícios científicos até agora, que apontam que pessoas assintomáticas -- que nunca têm sintomas -- e pessoas pré-sintomáticas são uma fonte importante de infecção de outras".

Autoridades da OMS não estavam disponíveis de imediato para comentar o assunto nesta terça-feira. Van Kerkhove deve responder perguntas em uma sessão de uma rede social ainda nesta terça-feira.

Smeeth e outros especialistas disseram que entender os riscos de transmissão entre pessoas com pouco ou nenhum sintoma é crucial agora que governos começam a amenizar as medidas de isolamento que impuseram para tentar reduzir a propagação da pandemia e substituí-las gradualmente pelo rastreamento de caso e por planos de confinamento.

"Isto tem implicações importantes para medidas de rastreamento/detecção/confinamento sendo instituídas em muitos países", disse Babak Javid, consultor de doenças infecciosas dos Hospitais da Universidade de Cambridge.

Alguns especialistas dizem que não é incomum pessoas infectadas não mostrarem sintomas.

Ainda não submetido à comunidade científica, um estudo da Alemanha feito em maio com base em 919 pessoas do distrito de Heinsberg – que teve um dos maiores números de mortos do país – revelou que cerca de um de cada cinco infectados é assintomático, mas os dados que mostram a probabilidade de eles transmitirem a doença são escassos.

Keith Neal, professor de epidemiologia de doenças infecciosas da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, disse que, embora não se saiba com clareza que papel a transmissão assintomática desempenha em novas infecções, o que se sabe é que pessoas com sintomas são responsáveis pela maior parte da disseminação da doença.

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