Estados Unidos não vão retirar tropas do Iraque
O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul-Mahdi, pediu para os Estados Unidos enviarem uma delegação a Bagdá para começar a preparar a retirada das tropas americanas do país.
O anúncio foi feito pelo gabinete de Abdul-Mahdi, que conversou por telefone com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, na noite da última quinta-feira (9).
Segundo o governo, o premier solicitou o envio de "delegados para estabelecer os mecanismos para implantar a decisão parlamentar" de retirar as forças americanas do Iraque.
A resolução do Parlamento foi aprovada no último fim de semana, após a morte do general iraniano Qassem Soleimani em um ataque aéreo dos EUA no aeroporto de Bagdá, e exige a saída das tropas da coalizão internacional liderada por Washington.
Em resposta ao pedido de Abdul-Mahdi, o Departamento de Estado dos EUA disse que a delegação americana discutirá apenas a "reorganização" de suas forças no país.
"A América é uma força que luta pelo bem do Oriente Médio. Nossa presença militar no Iraque pretende continuar combatendo o Estado Islâmico, e estamos empenhados em proteger americanos, iraquianos e nossos aliados", afirma uma nota oficial.
A manutenção de tropas estrangeiras em uma nação contra a vontade do governo local é classificada como "ocupação" pelo direito internacional.
Contingente
Atualmente, cerca de 5,2 mil soldados americanos estão alocados no Iraque para ajudar as forças locais no combate ao Estado Islâmico (EI). A coalizão está presente no país desde 2014, a convite do governo, mas a parceria nunca foi ratificada pelo Parlamento iraquiano.
Comandantes americanos chegaram a mandar uma carta a Bagdá afirmando que já estavam preparando a retirada, mas o Pentágono disse mais tarde que o texto era um "rascunho enviado por engano".
O ataque que matou Soleimani causou revolta no Iraque, e a possível retirada das tropas dos EUA seria uma vitória para o Irã, que tem o país vizinho em sua zona de influência.
Milhares de manifestantes saíram às ruas de Bagdá nesta sexta (10) para protestar contra os Estados Unidos, mas também contra o Irã, acusando os dois países de jogarem o Iraque no caos. Após a morte de Soleimani, Teerã lançou um ataque de mísseis contra duas bases usadas por americanos.
Movimentos populares pedem a retomada da mobilização de outubro e novembro de 2019, que mirava o desemprego, a corrupção e a baixa qualidade dos serviços públicos. Os protestos do fim do ano passado causaram a renúncia de Abdul-Mahdi, que hoje governa como primeiro-ministro demissionário.