A carta misteriosa atribuída a um dos presos da 'fuga impossível' de Alcatraz
Carta supostamente escrita por John Anglin, um dos três presos que empreenderam uma fuga até então considerada improvável nos Estados Unidos, em 1962, revela que dois dos fugitivos morreram já idosos e que o terceiro, John, aceita se entregar à polícia caso tenha exigências atendidas. Ele estaria hoje com 83 anos
Uma carta misteriosa que acaba de vir a público pode ajudar a desvendar o paradeiro de John Anglin, um dos três prisioneiros que escaparam da penitenciária de Alcatraz, nos Estados Unidos, há mais de 50 anos.
O episódio ficou conhecido como 'fuga impossível' e até hoje mantém os fugitivos na lista dos mais procurados do país - com direito a imagens de como seriam fisicamente agora. A prisão era considerada de segurança máxima e foi desativada em 1963, um ano após fugirem.
O autor da correspondência que conta o que houve com o trio seria, supostamente, o próprio John.
Ele teria escrito à polícia de São Francisco em 2013, mas só agora o caso foi divulgado.
"Meu nome é John Anglin", diz a carta. "Eu fugi de Alcatraz em junho de 1962. Naquela noite, todos nós conseguimos, mas foi por pouco".
O que a carta diz?
A carta afirma que os três fugitivos - os irmãos John e Clarence Anglin e Frank Morris - viveram até a velhice.
Clarence teria morrido em 2008 e Morris, em 2005.
O autor, que se apresenta como John, tenta fazer um acordo com as autoridades por meio da correspondência. "Se vocês anunciarem na TV que eu ficarei preso por no máximo um ano, e que receberei cuidados médicos, escreverei de volta para dizer exatamente onde estou", diz.
"Eu tenho 83 anos e estou doente. Tenho câncer", acrescenta.
De acordo com o texto, John viveu em Seattle a maior parte de sua vida e passou oito anos na Dakota do Norte.
No momento em que a carta foi enviada, ele supostamente vivia no sul da Califórnia.
Essa carta é verdadeira?
A polícia de São Francisco não tornou a carta pública, apesar de tê-la obtido cinco anos atrás, de acordo com a rede de televisão CBS.
O material só foi divulgado após ser entregue por uma fonte anônima ao KPIX, uma emissora local da rede.
O US Marshals Service, Serviço de Delegados de Polícia dos Estados Unidos - responsável pelo caso desde 1978 - enviou a carta ao laboratório do FBI para análise forense de caligrafia.
"Amostras de caligafria dos três fugitivos foram comparadas com a carta anônima e os resultados foram considerados inconclusivos", disse, em comunicado.
O que os parentes dizem?
David Widner, sobrinho de John e Clarence Anglin, disse à CBS que sua avó costumava receber rosas com cartões assinados pelos dois, muitos anos após a fuga.
"Eu realmente não cheguei a uma conclusão sobre se acredito que é John entrando em contato", disse Widner.
Ele lamentou que a carta não tenha sido entregue de modo adequado à família.
"Por ele dizer que tem câncer e que está morrendo. Sinto que deveriam ter, pelo menos, feito contato com a família e nos deixado a par de que essa correspondência existia", disse ele.
Como eles fugiram?
Atrás das grades por assaltarem um banco, os três presos provaram que Alcatraz - uma penitenciária federal reservada "aos piores dos piores" bandidos - não era à prova de fuga como se pensava.
Acredita-se que os três passaram meses escavando um túnel a partir de suas celas, usando colheres afiadas.
Os homens improvisaram um bote inflável com capas de chuva, usaram-na para deixar a ilha e nunca mais foram vistos.
Erguida sobre uma ilha na baía de São Francisco, a prisão abrigou alguns dos gângsteres mais temidos dos Estados Unidos.
Ela foi desativada em 1963, um ano depois de o trio fugir, e atualmente é um ponto turístico famoso em São Francisco. Mais de um milhão de visitantes passam pelo local todos os anos.
A cela de John Anglin, de onde escapou através de uma abertura na parede, é uma das principais atrações no passeio.
A fuga foi imortalizada em 1979 no filme Alcatraz - Fuga Impossível, estrelado pelo ator Clint Eastwood.
Autoridades disseram na época que não havia como os prisioneiros terem cruzado as águas geladas da baía, embora a travessia seja encarada hoje por triatletas.
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