Bill Clinton empresta popularidade à campanha de Obama
Mais popular do que nunca, o ex-presidente Bill Clinton vai colocar todo o seu peso na balança na convenção democrata para tentar ajudar a reeleição de Barack Obama, em 6 de novembro. Sua participação deve ocorrer na noite de quarta-feira, e será um dos discursos mais esperados da convenção, que começa terça-feira em Charlotte, Carolina do Norte (sudeste).
Por muito tempo, os dois mantiveram relações tensas, após as primárias democratas de 2008 disputadas entre Barack Obama e Hillary Clinton. Em seguida, o ressentimento foi substituído pela distância, mas a luz de emergência foi acesa nos últimos meses e levou à reaproximação.
A dois meses das eleições presidenciais, Obama aparece praticamente empatado com o republicano Mitt Romney nas últimas pesquisas de intenção de voto. Progressivamente, desde o outono, Bill Clinton tem ajudado Obama, 15 anos mais jovem.
Ele acompanhou várias reuniões para captação de fundos de campanha, como em junho passado em Nova York e, por vezes, deu conselhos atrás dos bastidores. E há duas semanas é visto em comerciais de televisão, amplamente exibidos em estados-chave que podem decidir a eleição de novembro.
Bill Clinton adverte os americanos sobre os perigos da política econômica de Mitt Romney, associando-a com os anos Bush, "o que nos levou à bagunça em que nós estamos", e afirmou que Barack Obama "é a melhor opção para restaurar o pleno emprego". Bill Clinton, presente em todas as convenções democratas, interessa muito à equipe de Obama.
Aos 66 anos, ele não perdeu suas habilidades como orador. Sua popularidade, brevemente abalada durante seu segundo mandato por suas escapadas sexuais com a jovem estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, continua a subir desde que deixou a Casa Branca em janeiro de 2001. Uma pesquisa do instituto Gallup mostra que 60% dos americanos consideram que ele foi um presidente único, contra 50% em 2009.
De todos os presidentes recentes, apenas Ronald Reagan fez melhor, 69%. E quando defende Barack Obama como o homem mais capaz de restaurar o pleno emprego, fala com a experiência de ter presidido os Estados Unidos entre 1993 e 2001, o período mais longo de expansão econômica em tempos de paz, no qual sua administração equilibrou o orçamento, reduziu o desemprego e a inflação. Ele até deixou um excedente orçamentário: 236 bilhões dólares para 2000.
"O desemprego foi inferior a 4%", recorda ainda Robert Shapiro, especialista da Universidade de Columbia, em Nova York. Bill Clinton, ressalta Georgia Kernell, pesquisadora da Universidade Northwestern, "pode explicar aos eleitores questões econômicas de forma clara e compreensível e fazer a conexão com suas vidas cotidianas".
Barack Obama, cujo balanço econômico é seu calcanhar de Aquiles, com o desemprego em 8,3% e uma dívida de 16 bilhões de dólares, tenta se ater aos registros econômicos dos anos Clinton. "O presidente Clinton presidiu a mais longa expansão econômica da história dos Estados Unidos, seguindo muitas das mesmas políticas que o presidente Obama propõe e implementa hoje", insistiu recentemente Antonio Villaraigosa, prefeito de Los Angeles, que presidirá a Convenção de Charlotte.
Bill Clinton, acrescenta Robert Shapiro, "também era capaz de se conectar com as pessoas comuns, especialmente os eleitores brancos" das classes mais desfavorecidas. Hoje, esses mesmos eleitores se inclinam para o republicano Mitt Romney. Daí o papel dado a Bill Clinton para tentar recuperá-los. E não importa se às vezes não está de acordo com a linha do partido, como quando evocou em maio o equilíbrio "notável" de Mitt Romney à frente da Bain Capital.