Boston: pais de morto em ataque são contra execução de autor
“Sabemos que o governo tem suas razões para querer a pena de morte, mas a busca incessante desta punição pode levar a anos de apelações e prolongar a sensação de estarmos revivendo o pior dia de nossas vidas”, escreveram
Os pais do menino que se tornou a vítima fatal mais jovem do ataque à Maratona de Boston pediram aos promotores federais que desistam da tentativa de condenar um dos responsáveis à morte, em uma declaração publicada na primeira página do jornal Boston Globe nesta sexta-feira.
Em vez disso, Bill e Denise Martin, pais de Martin Richard, de 8 anos, exortaram o Departamento de Justiça dos Estados Unidos a fazer um acordo mediante o qual Dzhokhar Tsarnaev, que na semana passada foi condenado pelo ataque de 2013, abriria mão de seu direito de apelar em troca de uma pena de prisão perpétua sem possibilidade de condicional.
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“Sabemos que o governo tem suas razões para querer a pena de morte, mas a busca incessante desta punição pode levar a anos de apelações e prolongar a sensação de estarmos revivendo o pior dia de nossas vidas”, escreveu o casal em um comunicado intitulado. “Para pôr fim à angústia, desistam da pena de morte”.
A segunda fase do julgamento de Dzhokhar deve começar na próxima terça-feira, quando o júri que condenou o checheno étnico decidirá se o sentencia à pena de morte ou à prisão perpétua.
Os promotores argumentam que Dzhokhar, que tinha 19 anos à época do atentado a bomba, merece a execução, afirmando que seu ataque teve como meta punir o país para o qual se mudou uma década antes do ataque, um ato que ele descreveu como vingança pelas campanhas militares dos EUA em países de maioria muçulmana.
Os advogados de defesa contrapõem que Dzhokhar não foi motivado por uma ideologia pessoal, mas que seguia o exemplo de seu irmão mais velho, Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos. Tamerlan morreu após uma troca de tiros com a polícia quatro dias após o atentado de 15 de abril de 2013.
Carmen Ortiz, procuradora-geral do Estado de Massachusetts, disse estar ciente da opinião do casal Richard e acrescentou que não pode comentar especificamente a questão da possibilidade de um acordo com os advogados de Dzhokhar.
“Importo-me profundamente com sua visão e com a visão das outras vítimas e sobreviventes”, garantiu Ortiz. “À medida que o caso avançar, continuaremos a fazer tudo que pudermos para proteger e vingar os feridos e os falecidos”.
Além de Martin Richard, as duas bombas mataram Krystle Campbell, de 29 anos, e Lingzi Lu, de 23 anos. Os irmãos Tsarnaev ainda mataram a tiros o policial Sean Collier, de 26 anos, três dias mais tarde.
Esta semana, a irmã de Sean também pediu aos promotores que parem de buscar a pena de morte.
Jane, irmã de Martin Richard, perdeu uma perna no atentado, mas sobreviveu.