Carolina do Sul removerá bandeira confederada do Capitólio
Símbolo da defesa da escravidão durante a Guerra Civil americana virou polêmica após massacre em igreja de comunidade negra de Charlesto
A governadora do Estado da Carolina do Sul, Nikki Haley, sancionou nesta quinta-feira (9) a lei que autoriza a retirada da bandeira confederada do Capitólio estadual, um símbolo histórico dos Estados do sul dos EUA que foi alvo de um intenso debate nas últimas semanas, e que finalmente será removida amanhã, sexta-feira (10).
Durante a assinatura, Haley estava rodeada de legisladores, ex-governadores e familiares das vítimas do massacre na igreja de uma comunidade negra de Charleston, e reafirmou que a medida tem a ver com o "futuro de nossas crianças". "Vinte e dois dias atrás, eu não sabia se eu jamais poderia dizer isso de novo. Tenho muito orgulho de dizer que hoje é um grande dia para a Carolina do Sul", disse a governadora.
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A bandeira confederada, estandarte dos Estados do Sul defensores da escravidão durante a Guerra Civil americana, voltou a ser motivo de polêmica após o massacre na cidade de Charleston, no norte do Estado, em 17 de junho, em que morreram nove pessoas durante um culto. Uma das vítimas foi o senador estadual Clementa Pinckney, um democrata representante da zona de Jasper, que também era pastor da Igreja Emmanuel AME.
Pouco depois desta tragédia foram divulgadas fotografias do atirador, Dylan Roof, junto da bandeira confederada. Ele, ao ser preso, afirmou que seu objetivo era provocar uma "guerra racial" nos Estados Unidos. A tragédia de Charleston abriu um debate em vários Estados do sul do país sobre o uso desta bandeira nos edifícios públicos.
Por causa do tiroteio, a governadora Haley pediu aos legisladores que aprovassem uma lei autorizando a retirada da bandeira confederada do Capitólio estadual, localizado na cidade de Columbia. Na terça-feira o Senado aprovou por maioria a remoção da bandeira e sua colocação em um salão do Museu Militar do Estado, na frente do Capitólio, local que os legisladores consideraram adequado para honrar um símbolo da herança do sul.
No entanto, o projeto de lei foi amplamente discutido na câmara baixa, onde foram apresentadas 25 diferentes propostas sobre o destino que este símbolo histórico deveria ter. Alguns legisladores sugeriram substituí-la por outra bandeira menos conhecida da época dos confederados para preservar a "herança do sul".
No entanto, no início da madrugada de hoje os legisladores decidiram por 94 votos a favor e 20 contra pela retirada da bandeira, que Haley considerou um "novo começo para a Carolina do Sul, um símbolo de unidade do Estado".
A bandeira foi colocada em 1961 na cúpula do Capitólio da Carolina do Sul para celebrar o 100º aniversário da guerra, e foi transferida em 2000 para o campo do Capitólio. Desde então há debates entre os legisladores sobre sua remoção.
Ted Pitts, presidente da Câmara de Comércio da Carolina do Sul, lembrou hoje que desde 1999 a comunidade empresarial defende a retirada da bandeira confederada do Capitólio. "Felicitamos aos legisladores por sua liderança e reafirmamos que ao tirar a bandeira estamos promovendo a atração de uma força de trabalho diversificada, ampliando as oportunidades do turismo e fortalecendo os negócios do Estado", afirmou Pitts em comunicado.
Ivan Segura, presidente do Conselho de Mexicanos nas Carolinas, disse hoje à Agência Efe que "a comunidade hispânica comemora a remoção da bandeira do Capitólio, e se une às celebrações com a comunidade negra e todas as minorias que expressaram por anos seu desgosto por este símbolo de ódio e discriminação no legislativo estadual".
"Esperamos que este fato seja só o início de um trabalho conjunto que nos leve a criar uma Carolina do Sul mais justa para todos os seus habitantes", reiterou o líder hispânico, cujo grupo trabalhou com os afro-americanos em temas de direitos civis.
"Hoje a Carolina do Sul está ensinando que progredimos e retirar a bandeira do Capitólio é uma vitória", embora tenha acontecido "no meio de uma tragédia", enfatizou Gregory Torrales, presidente do Concílio Hispânico da Carolina do Sul.