Chefe da NSA diz que Snowden revelou até 200 mil documentos secretos
O ex-técnico de inteligência Edward Snowden vazou até 200 mil documentos sigilosos dos Estados Unidos à imprensa, segundo uma declaração feita no mês passado pelo chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA), mas que passou quase despercebida na época.
Respondendo a perguntas após discurso a uma organização de política externa de Baltimore, em 31 de outubro, o general Keith Alexander, diretor da NSA, foi questionado sobre que medidas as autoridades dos EUA estavam adotando para impedir Snowden de vazar mais informações a jornalistas.
"Eu gostaria que houvesse uma forma de impedir. Snowden partilhou algo entre 50 mil e 200 mil documentos a jornalistas. Eles vão continuar a sair", disse Alexander.
Ele acrescentou que os documentos estavam "sendo liberados de forma a causar o máximo de danos à NSA e à nossa nação", segundo transcrição da palestra disponibilizada pela agência de espionagem.
Autoridades dos EUA informadas sobre as atividades de Snowden dizem reservadamente há meses que as avaliações internas do governo indicam que o número de documentos sigilosos aos quais Snowden teve acesso como operador de sistemas terceirizado em instalações da NSA estava na casa de centenas de milhares.
Segundo as autoridades, os investigadores consideram já saber que tipo de documento Snowden acessou, mas não têm certeza de quais exatamente ele baixou digitalmente para entregar à imprensa.
Para efeito de comparação, o número de documentos do Pentágono e do Departamento de Estado entregues pelo soldado Bradley Manning ao site WikiLeaks é muito maior. O grupo de combate ao sigilo obteve cerca de 400 mil informes do Pentágono sobre a guerra do Iraque, além de 250 mil comunicações do Departamento de Estado e dezenas de milhares de documentos sobre as operações dos EUA no Afeganistão.
Mas nada no material do WikiLeaks estava identificado como algo além de "secreto", ao passo que muitos dos documentos da NSA vazados por Snowden eram "ultrassecretos", ou tinham o selo "inteligência especial", ainda mais restrito. O material inclui detalhes altamente técnicos sobre atividades de espionagem dos EUA e de países aliados.
As revelações de Snowden, que começaram a ser feitas em junho, ainda provocam transtornos para o governo do presidente Barack Obama, especialmente no trato com seus aliados. A presidente Dilma Rousseff e a chanceler alemã, Angela Merkel, por exemplo se queixaram publicamente depois da revelação de que suas comunicações teriam sido espionadas pelos EUA.