Clinton ataca individualismo e defende política econômica de Obama
- Felipe Schroeder Franke
No que é visto como um sinal da união do Partido Democrata, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) subiu ao palco de Charlotte para defender o governo Obama dos ataques republicanos e impulsionar a candidatura à reeleição do democrata. Foi o último grande discurso da segunda da noite da convenção, que confirmou a nomeação de Obama.
Figura respeitada e de referência, Clinton discursou para um público emocionado, opondo, de modo similar ao feito por Michelle Obama na noite anterior, as políticas de republicanos e democratas. "Nós acreditamos que 'Nós estamos nisso juntos' é uma filosofia melhor que 'Você está nessa sozinho'", disse, resumindo sua visão sobre os discursos de Mitt Romney e Paul Ryan em Tampa, na Flórida.
Tratando de se opor ao que chamou de "narrativa republicana", Clinton falou sobre seu trabalho pós-Casa Branca de ajuda humanitária em diversas regiões do planeta. O que é boa política pode não funcionar no "mundo real", ponderou. "O que funciona no mundo real é a cooperação".
A argumentação tinha como alvo final as críticas republicanas de que Obama não cria empregos - informação contestada por Clinton, segundo o qual foram os próprios republicanos que impediram, após as eleições legislativas de 2010, as ações construtivas de Obama. "A democracia não precisa ser um esporte sangrento", disparou.
A economia, ponto nevrálgico das eleições americanas deste ano, era o grande tema a ser abordado por Clinton. "Estamos onde queremos estar? Não. Obama está satisfeito? Não. Estamos melhores hoje? Sim," afirmou, desafiando o lema de Romney de que os Estados Unidos estão, hoje, piores que em 2008.
"Nenhum presidente conseguiria ter recuperado todo dano que (Obama) encontrou em apenas quatro anos", disse Clinton em uma das frases mais enfáticas da noite, claramente opondo o realismo e o idealismo, ambos tão centrais aos debates das expectativas da gestão Obama.
Para Clinton, os republicanos disseram algo simples. "Nós deixamos (para Obama) uma bagunça completa, ele não terminou de arrumá-la, então vamos demiti-lo e nos colocar no lugar dele", resumiu, criticando o Grand Old Party e sua estratégia de que "Obama fracassou". "A antiga economia não vai voltar, nós temos que construir uma nova", advertiu Clinton, afirmando haver mais de 3 milhões de vagas ociosas aguardando mão-de-obra qualificada.
Os republicanos, disse, "querem retornar às políticas que nos levaram a esta situação", mas Obama "lançou as bases de uma nova economia. (...) Obama está comprometido com a construção cooperativa", disse Clinton, retomando a dicotomia entre o coletivismo e o individualismo. "Se você quer um país de prosperidade e responsabilidade compartilhadas, vote em Obama.
"Com todo meu coração: eu acredito (em Obama)", jurou, intensamente aplaudido e inflamando os democratas em Charlotte.