O plano anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na noite dessa quarta-feira, além do objetivo de "aniquilar" a milícia extremista mulçumana, autodenominada Estado Islâmico (EI), busca responder às críticas internas que recaem sobre a política externa de seu governo.
O momento escolhido - dois meses antes das eleições legislativas e após a decapitação dos jornalistas americanos pelo grupo - mostra, na opinião de analistas, que Obama tenta manter o apoio do eleitorado e unir republicanos e democratas, em nome de uma causa comum.
Em entrevista à Agência Brasil, o historiador americano Daniel Pipes, especialista em Oriente Médio, disse que a política externa é uma das principais fraquezas da administração de Obama, sobretudo a resposta dele aos conflitos do mundo árabe.
Segundo Pipes, o EI faz parte de um fracasso maior, que transcende a gestão de Obama. "Mesmo assim, ele é o presidente agora e tem dois meses [até as eleições] para agir em favor dos democratas e não perder apoio no Senado", avaliou o historiador, diretor do Fórum sobre Oriente Médio, que reúne pesquisadores sobre o tema.
Pesquisas de opinião divulgadas por jornais norte-americanos ao longo desta semana revelam que seis em cada dez americanos apoiariam uma ação militar contra o EI. O Wall Street Journal divulgou nesta quarta-feira levantamento, mostrando que 61% da população do país veem a possibilidade de intervenção contra a milícia como uma ação de "interesse nacional". Outros jornais locais chegaram a publicar que mais de 75% da população são favoráveis à medida.
As eleições legislativas, em novembro, são muito importantes para o governo Obama porque renovarão todas as 435 vagas da Câmera de Representantes e 35 das 100 cadeiras do Senado. Atualmente, os democratas (que apoiam Obama) compõem a maioria no Senado, com 53 senadores, além de 45 republicanos e dois independentes. Na Câmera, a maioria é dos republicanos, que têm 233 representantes, contra 199 democratas.
Com reformas importantes para votar, como a do sistema de saúde e a nova Lei de Imigração, Obama precisa manter maioria no Senado e tentar aumentar a base na Câmera de Representantes. "Sem maioria, o governo Obama pode ficar bastante enfraquecido nos dois anos finais de seu mandato", comentou um diplomata brasileiro que acompanha as eleições internas nos Estados Unidos.
A imprensa local também avalia o anúncio do plano contra o Estado Islâmico como uma tentativa de Obama de se aproximar do eleitorado e de eleger um tema que o coloque em uma posição suprapartidária, já que a agenda antiterrorismo pode agradar eleitores liberais ou conservadores.
Além disso, o fato de o presidente não enviar "soldados" não desgasta seu discurso anterior, que falava em diminuir a ação militar direta e vinha ordenando a retirada de tropas terrestres da região.
Daniel Pipes ponderou que na luta contra o EI, o presidente articula para conquistar aliados de diferentes países, inclusive dentro do mundo árabe. "Existe uma aliança anti-EI natural neste momento", diz .
Essa aliança internacional contra o Estado Islâmico pode legitimar internamente a estratégia anunciada por Obama, porque mesmo os mais críticos podem ser "convencidos" da necessidade da ação.
O anúncio do plano foi feito também um dia antes de completar 13 anos dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Mais de 3 mil pessoas morreram após a explosão das torres gêmeas do Word Trade Center, em Nova York, atingidas por aviões.
06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante