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Com ataques a EI, Obama busca votos para eleição legislativa

Analistas apontam que Obama tenta manter o apoio do eleitorado e unir republicanos e democratas

11 set 2014 - 08h37
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<p>Extremistas caminham em ruas da Síria; EUA disseram estar prontos para atacar jihadistas no país</p>
Extremistas caminham em ruas da Síria; EUA disseram estar prontos para atacar jihadistas no país
Foto: Militant Website / Reuters

O plano anunciado pelo  presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na noite dessa quarta-feira,  além do objetivo de "aniquilar" a milícia extremista mulçumana, autodenominada Estado Islâmico (EI), busca responder às críticas internas que recaem sobre a política externa de seu governo.

O momento escolhido - dois meses antes das eleições legislativas e após a decapitação dos jornalistas americanos pelo grupo - mostra, na opinião de analistas, que Obama tenta manter o apoio do eleitorado e unir republicanos e democratas, em nome de uma causa comum.

Em entrevista à Agência Brasil, o historiador americano Daniel Pipes, especialista em Oriente Médio, disse que a política externa é uma das principais fraquezas da administração de Obama, sobretudo a resposta dele aos conflitos do mundo árabe.

Segundo Pipes, o EI faz parte de um fracasso maior, que transcende a gestão de Obama. "Mesmo assim, ele é o presidente agora e tem dois meses [até as eleições] para agir em favor dos democratas e não perder apoio no Senado", avaliou o historiador, diretor do Fórum sobre Oriente Médio, que reúne pesquisadores sobre o tema.

Pesquisas de opinião divulgadas por jornais norte-americanos ao longo desta semana revelam que seis em cada dez americanos apoiariam uma ação militar contra o EI. O Wall Street Journal divulgou nesta quarta-feira levantamento, mostrando que 61% da população do país veem a possibilidade de intervenção contra a milícia como uma ação de "interesse nacional". Outros jornais locais chegaram a publicar que mais de 75% da população são favoráveis à medida.

As eleições legislativas, em novembro, são muito importantes para o governo Obama porque renovarão todas as 435 vagas da Câmera de Representantes e 35 das 100 cadeiras do Senado. Atualmente,  os democratas (que apoiam Obama)  compõem a maioria no Senado, com 53 senadores, além de 45 republicanos e dois independentes.  Na Câmera, a maioria é dos republicanos, que têm 233 representantes, contra 199 democratas.

Com reformas importantes para votar, como a do sistema de saúde e a nova Lei de Imigração, Obama precisa manter maioria no Senado e tentar aumentar a base na Câmera de Representantes. "Sem maioria, o governo Obama pode ficar bastante enfraquecido nos dois anos finais de seu mandato", comentou um diplomata brasileiro que acompanha as eleições internas nos Estados Unidos.

A imprensa local também avalia o anúncio do plano contra o Estado Islâmico como uma tentativa de Obama de se aproximar do eleitorado e de eleger um tema que o coloque em uma posição suprapartidária, já que a agenda antiterrorismo pode agradar eleitores liberais ou conservadores.

Além disso, o fato de o presidente não enviar "soldados" não desgasta seu discurso anterior, que falava em diminuir a ação militar direta e vinha ordenando a retirada de tropas terrestres da região.

Daniel Pipes ponderou que na luta contra o EI, o presidente articula para conquistar aliados de diferentes países, inclusive dentro do mundo árabe. "Existe uma aliança anti-EI natural neste momento", diz .

Essa aliança internacional contra o Estado Islâmico pode legitimar internamente a estratégia anunciada por Obama, porque mesmo os mais críticos podem ser "convencidos" da necessidade da ação.

O anúncio do plano foi feito também um dia antes de completar 13 anos dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Mais de 3 mil pessoas morreram após a explosão das torres gêmeas do Word Trade Center, em Nova York, atingidas por aviões.

Agência Brasil Agência Brasil
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