'Como diabos ele conseguiu armas automáticas?', diz irmão de atirador de Las Vegas
Em entrevista à imprensa americana, Eric Paddock afirma não saber o que dizer a familiares das vítimas: "É como se ele tivesse atirado em nós".
O irmão do atirador de Las Vegas diz estar "perplexo" com a notícia de que Stephen Paddock, de 64 anos, realizou o ataque que deixou pelo menos 58 mortos e mais de 515 feridos durante um show em Las Vegas.
"Não estamos entendendo o que aconteceu", disse Eric Paddock à TV americana CBS.
"Ele não era uma pessoa entusiasmada com armas. O fato de que ele tinha essas armas é... onde diabos ele conseguiu pistolas automáticas? Ele não tem passagem pelas Forças Armadas, nem nada do tipo", afirmou.
"Ele é só um cara que vivia numa casa em Mesquite (cidade a 130 km de Las Vegas) e dirigia até Las Vegas para jogar. Ele fazia essas coisas... comia burritos."
Segundo a polícia, Paddock estava no 32° andar do hotel e cassino Mandalay Bay, localizado do lado do espaço onde acontecia um festival de música country.
Os policiais usaram explosivos para derrubar a porta do quarto onde ele estava hospedado, mas o atirador cometeu suicídio.
O xerife de Las Vegas, Joseph Lombardo, disse que os investigadores encontraram "mais de dez rifles" no quarto de hotel onde Paddock estava hospedado desde o dia 28 de setembro.
O FBI (polícia federal americana) informou que Paddock não tem conexão com o Estado Islâmico ou qualquer outra "organização terrorista internacional".
Em pronunciamento na TV, o presidente americano Donald Trump chamou o incidente de "ato de pura maldade".
Trata-se do tiroteio mais letal da história recente dos Estados Unidos, superando o atentado na boate Pulse, em Orlando, na Flórida, em que 49 pessoas morreram em junho de 2016.
Choque
Áudios gravados durante o show sugerem que Stephen Paddock, de 64 anos, teria usado um rifle automático no ataque contra as 22 mil pessoas presentes no festival.
Segundo o xerife Lombardo, ele era um "homem perturbado que pretendia causar fatalidades em massa".
Seu irmão Eric, no entanto, se lembra dele como alguém que não se envolvia em problemas, muito menos com armas.
"Ele não tem ficha policial, ele provavelmente não tem nem multas por estacionar em lugar errado", afirmou.
"É como se você me ligasse e dissesse: 'seu vizinho de porta fez isso'. Eu diria: 'a única coisa que eu o vi fazer na vida é cuidar do seu jardim'."
Eric disse que falava ocasionalmente com o irmão por telefone e que, na última mensagem de texto que trocaram, ele fez perguntas banais a respeito da mãe. "Tudo o que temos sobre ele é informação pública, vocês vão encontrar tudo. Não há mais nada."
A família foi informada do tiroteio por telefonemas da Polícia de Las Vegas.
"Ficamos chocados. Você acha que é piada. Não fosse pelo fato de que todos os telefones da minha casa, celulares e tudo, tocaram ao mesmo tempo. Se não fosse isso, pensaria que era um dos meus amigos brincando", disse o irmão do atirador.
A polícia afirma que uma pessoa identificada como Marilou Danley foi interrogada por ser possível que ela soubesse dos planos de Paddock.
A mulher morava com ele, mas não estava com o suspeito quando ele fez o check-in no quarto de hotel, segundo as autoridades.
Eric confirma que Marilou era a namorada do irmão e a descreve como "uma pessoa legal".
"Eles poderiam até ter se casado, mas acho que não estavam casados. O que eu sei é que ela é uma pessoa legal, eu a vi três ou quatro vezes. Ela tem uma página no Facebook, ela manda biscoitos pra minha mãe."
Mensagem para as famílias
Com dificuldade para encontrar as palavras, Eric Paddock falou com os jornalistas diante de sua casa e pediu que eles "ao menos fiquem na calçada".
"Vamos divulgar um comunicado de umas cinco linhas com o que eu acabei de dizer. Estamos chocados, aterrorizados, completamente atônitos", gaguejou.
"Não há nada que eu consiga dizer para as famílias. Como se fala disso? Meu irmão fez isso. É como se ele tivesse atirado em nós. Se ele tivesse matado meus filhos eu não estaria mais perplexo do que estou agora."
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