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Super Bowl político: audiência de ex-FBI lota bares nos EUA

8 jun 2017 - 18h35
(atualizado às 18h51)
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Foto: EFE

Centenas de pessoas lotaram alguns dos bares da cidade de Washington nesta quarta-feira para assistir à audiência do ex-diretor do FBI James Comey, demitido há um mês pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Senado, como se o depoimento fosse uma final de uma competição esportiva.

Em um ambiente similar ao Super Bowl, a decisão da NFL (liga de futebol americano), os moradores da capital, uma cidade muito politizada pela presença do governo e do Congresso, foram para bares para ouvir da boca de Comey os motivos de sua demissão e os detalhes das ações russas para influenciar nas eleições de novembro do ano passado, em suposta parceria com a equipe de campanha de Trump.

Esse tipo de "festa" é tradicional em momentos políticos importantes, como os debates de campanha presidencial e a noite de apuração dos votos. Os bares mudaram dos canais esportivos para as emissoras de notícia, que hoje transmitiram ao vivo o depoimento do ex-diretor do FBI ao Comitê de Inteligência do Senado.

Eric Heidenberger, dono do Shaw's Tavern, um bar bastante famoso de um bairro próximo ao Capitólio, onde ocorreu a audiência, afirmou que à Agência Efe que esperava mais movimento do que um dia comum, mas não as filas que se formavam na calçada.

Foto: EFE

"Isso só pode ser comparado a um evento esportivo mundial, uma final, que atrai muita gente. Nunca vimos tanta gente como hoje", explicou.

Apesar de o depoimento ter ocorrido na manhã desta quinta-feira, um dia útil como outro qualquer, o convite do "Comey Hearing Covfefe", ironizando o tweet com uma palavra inventada por Trump recentemente, foi um sucesso, reunindo professores de férias, cientistas políticos e pessoas que levaram seus notebooks para continuar trabalhando do bar.

Desde às 8h30 locais, uma hora e meia antes do início da audiência, as filas já estavam lotadas. Todos queriam conseguir um lugar privilegiado nos bares, mas dezenas tiveram que ficar de pé.

O ativista político Eric Sánchez atribuiu a quantidade de curiosos às decisões de Trump. "Elas não têm nenhum sentido e são muito suspeitas", disse.

"Viemos porque queremos escutar explicações. Há muita necessidade de saber a verdade sobre o que ocorreu na Casa Branca. A presença de toda essa gente acentua o ativismo e a mobilização dos últimos meses", afirmou Sánchez em entrevista à Efe.

Apesar da lotação, os presentes estavam muito atentos durante as mais de duas horas de audiência. O silêncio só era interrompido em ocasiões que podem ser contadas nos dedos, com aplausos e risadas.

Os olhos só saiam da televisão para pegar um dos coquetéis com vodca que estavam em promoção, uma ironia da relação de Trump com a Rússia, ou para dar uma mordida nos tradicionais "brunchs", sempre presentes no café da manhã tardio nos EUA.

A professora Jennifer Garden não queria perder o momento histórico. Para ela, o depoimento de Comey esclareceria as contradições do governo Trump sobre o escândalo com a Rússia.

"Meus estudantes e eu nos reunimos com Comey antes que ele lançasse a bomba sobre Hillary (Clinton). Acredito que ele seja um bom homem que tomou decisões duvidosas antes, mas que agora está fazendo o que é correto", afirmou Jennifer.

Comey ressuscitou, apenas 11 dias antes das eleições, o escândalo dos e-mails que prejudicou as pretensões presidenciais da democrata, ao reabrir a investigação sobre o uso de um servidor privado por Hillary para lidar com as comunicações enquanto ainda estava no cargo de secretária de Estado do ex-presidente Barack Obama.

O que Jennifer considerou como uma ação correta de Comey foi a acusação feita hoje pelo ex-diretor do FBI a Trump. Segundo Comey, o presidente "mentiu" sobre os motivos de sua demissão.

Também houve quem aproveitou a ocasião para ganhar um dinheiro extra, como a artista Patricia Baca, que ia entre os clientes do bar promovendo suas peças de artesanato.

"Já que se criou toda essa expectativa e temos que sofrer as consequências das loucuras de Trump, aproveito para fazer negócios", explicou.

EFE   
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