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7 perguntas para entender o escândalo dos emails de Hillary

1 nov 2016 - 19h21
(atualizado às 19h38)
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Foto: Getty Images

A polêmica sobre os emails particulares de Hillary Clinton ganhou um novo capítulo. O fato, revelado pela primeira vez em 2015, voltou aos holofotes na última sexta-feira, quando o FBI anunciou que vai reabrir a investigação sobre o uso de um servidor particular por Hillary durante sua gestão como secretária de Estado americana, de 2009 a 2013.

A notícia caiu como uma bomba às vésperas da eleição que vai definir se será a democrata ou republicano Donald Trump o próximo presidente dos Estados Unidos.

Entenda o escândalo.

1) Como tudo começou?

Pouco antes de assumir a Secretaria de Estado, em 2009, Hillary instalou um servidor particular em sua casa, em Nova York.

A então secretária usou esse servidor para todas as suas trocas de email - sejam profissionais ou pessoais - durante os quatro anos no cargo.

Hillary também teria usado esse servidor para criar contas de e-mail para Huma Abedin, sua assessora, e Cheryl Mills, chefe de gabinete. Ela não teria usado, nem sequer ativado, a conta de email "state.gov", hospedada nos servidores de propriedade do governo dos Estado Unidos.

O uso do email particular por Hillary foi revelado em março do ano passado pelo jornal The New York Times.

2) Mas por que ela fez isso?

Na ocasião, Hillary justificou o ato dizendo que era apenas "conveniência". Em entrevista a jornalistas, ela afirmou que preferia usar só um ‎‎telefone, com uma única conta de email, do que andar com dois dispositivos - um para trabalho e outro para assuntos pessoais.

"Achei que usar um único dispositivo seria mais simples e, obviamente, não funcionou assim", declarou.

Os críticos argumentam, no entanto, que a verdadeira razão para Hillary ter usado um servidor particular seria ter total controle sobre suas correspondências.

Ao usar seu próprio servidor, Hillary teria o poder de decidir o que compartilhava com o governo ou tornava público para partes interessadas, como à comissão do Congresso que investigou o ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, em 2012.

Segundo relatório de 2010 do inspetor-geral do Departamento de Estado, Hillary teria dito ao subchefe de gabinete que sua preocupação em relação aos emails era "não correr o risco de que assuntos pessoais se tornassem acessíveis".

Uma investigação do FBI concluiu que Hillary usou "diversos dispositivos pessoais" e vários servidores de email enquanto esteve à frente do cargo.

Foto: Getty Images

3) A medida é ilegal?

Provavelmente não, já que o email particular de Hillary foi criado em meio a uma zona nebulosa da legislação.

Quando ela se tornou secretária de Estado, a interpretação da Lei Federal de Registros, de 1950, dizia que os funcionários que usassem contas de email pessoal deviam assegurar que toda correspondência oficial fosse entregue ao governo.

Dez meses após a democrata assumir o cargo, um novo regulamento permitiu o uso de emails particulares desde que os dados federais fossem "arquivados no sistema de manutenção de registros adequado".

Hillary argumenta que esse requisito foi cumprido, uma vez que a maioria dos emails de sua conta particular teria sido enviada ou encaminhada para usuários de contas do governo, de modo que teriam sido arquivados automaticamente.

Todas as outras trocas de mensagens teriam sido entregues a funcionários do Departamento de Estado, quando solicitadas, em outubro de 2014.

Em novembro do mesmo ano, o presidente Barack Obama assinou uma nova lei que obriga os funcionários a entregarem toda a correspondência oficial ao governo num prazo de 20 dias.

Mas mesmo sob o ponto de vista dessa lei, as sanções à então secretária de Estado seriam apenas de caráter administrativo, e não penal.

Relatório do inspetor-geral do Departamento de Estado, publicado em maio deste ano, concluiu que Hillary violou as regras da agência ao usar o seu email pessoal, lembrando que ela não pediu permissão prévia para utilizá-lo.

As transgressões, no entanto, não constituiriam conduta criminosa.

4) Quais foram as conclusões da primeira investigação do FBI?

A polícia federal americana conduziu uma apuração paralela e decidiu que Hillary não deveria ser processada.

Ao término da investigação, em julho deste ano, o diretor da agência, James Comey, disse que a forma como a então secretária de Estado tratou um material sensível durante seu mandato foi "bastante descuidada", mas a isentou de qualquer ação criminosa.

A agência encaminhou o caso para o Departamento de Justiça, que arquivou o processo contra Hilllary e seus assessores sem apresentar acusação.

Desde então, o Departamento de Estado retomou a investigação para apurar se Hillary e os auxiliares violaram a política do governo ao tratar informações sigilosas.

5) O que provoca polêmica?

O artigo publicado pelo The New York Times foi baseado em informações passadas pela comissão do Congresso que investigava um ataque à embaixada dos EUA na Líbia, em 2012.

O conteúdo do email pessoal da então secretária de Estado foi incluído na investigação e, segundo os críticos, não haveria como verificar se Hillary tinha fornecido todas as informações relevantes para a apuração.

Muita gente não acredita na explicação dada por ela sobre a "conveniência" de usar um único telefone, uma vez que, como secretária de Estado, ela viajou sempre acompanhada de uma grande comitiva, capaz de levar um telefone adicional.

E, em fevereiro de 2015, Hillary disse em uma entrevista na TV que agora carrega vários dispositivos.

Além disso, os críticos tanto de direita quanto de esquerda chamaram a atenção para o fato de que, ao usar um servidor "em casa", a então secretária estava mais suscetível a ataques de hackers e espionagem de serviços de inteligência de outros países.

6) Por que o FBI voltou a investigar o caso?

Na última sexta-feira, o FBI enviou uma carta ao Congresso dizendo que descobriu novos emails ligados ao uso de um servidor privado na época

Os emails mais recentes foram descobertos como parte de uma investigação separada que envolve o ex-marido da assessora de Hillary, Huma Abedin.

Equipamentos dela e do ex, Anthony Weiner, que era um deputado de alto escalão do Congresso americano, foram apreendidos em uma investigação para descobrir se ele havia enviado emails "de conteúdo sexual explícito" a uma garota de 15 anos da Carolina do Norte.

Segundo James Comey, os investigadores é quem vão determinar se os emails contêm informações sensíveis.

A carta, no entanto, é extremamente vaga - não diz o número de emails ou que informação levou à reabertura do inquérito.

7) Qual é o impacto do escândalo na campanha?

Enquanto isso, Trump aproveitou a reabertura das investigações para atacar a adversária na disputa eleitoral.

Segundo ele, "esse é o maior escândalo político desde o Watergate", caso da década de 1970, em que descobriu-se que a invasão ao Comitê Nacional do Partido Democrata havia sido feita a pedido do então candidato à Presidência republicano, Richard Nixon, para colocar escutas telefônicas no local. O escândalo resultou na renúncia de Nixon.

Hillary pediu, por sua vez, ao FBI que explicasse o quanto antes o motivo de ter reaberto a investigação.

"Os americanos merecem saber com detalhes todos os fatos imediatamente. É essencial que as autoridades expliquem o que está em questão, o que quer que seja, sem atrasos."

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