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Americanos afetados pelo furacão Helene não estão pensando em eleição e criticam postura de políticos

Mais de 40 mortes foram registradas só no condado de Buncombe, em Asheville, região visitada pelo Terra

5 nov 2024 - 06h28
(atualizado às 08h01)
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Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Foto: Karen Lemos / Terra

John Hockenberry, que é gerente do que costumava a ser um pequeno mercado em Asheville, cidade da Carolina do Norte, está mais preocupado em como vai retomar o seu negócio do que com a eleição nos Estados Unidos, que é realizada nesta terça-feira, 5. “Eu sei que [o candidato republicano Donald] Trump está concorrendo e sei que a vice-presidente [a democrata Kama Harris] está concorrendo. Eu não gosto do Trump porque ele nos faz parecer estúpidos, mas eu também não sei nada sobre a vice-presidente. Quer dizer, eu estive muito ocupado e preocupado com isso”, diz ao mostrar sua loja destruída. “Então eu não vou votar“, acrescenta em conversa com o Terra, que visitou regiões afetadas pela tragédia na véspera do pleito, um dos mais acirrados da história do país.

O furacão Helene tocou o solo dos Estados Unidos em 26 de setembro, faltando pouco mais de um mês para as eleições americanas. Foram registradas mais de 230 mortos, cerca de 25 que ainda permanecem desaparecidos e danos que chegam a quase 90 bilhões de dólares. A Carolina do Norte foi um dos Estados que mais sofreu os impactos. Mais de 40 mortes foram registradas só no condado de Buncombe, em Asheville, região visitada pelo Terra. Por lá, pior do que os ventos de mais 200 quilômetros por hora foram as inundações, que devastaram casas, comércios, estradas, além de deixar a população sem luz e água.

O mercado de John Hockenberry foi destruído
O mercado de John Hockenberry foi destruído
Foto: Karen Lemos / Terra

Um dos estabelecimentos completamente arrasados foi a venda de John. Em conversa com a reportagem, ele mostrou a altura que a água chegou na fachada de sua loja, ainda marcada pela lama: acima de 2,70 metros. Ele nos deixou entrar no que antes era um mercado local, agora completamente vazio, com energia sendo garantida por um gerador, e ainda com muita lama para ser retirada. “Não sei o quanto estou perdendo em vendas, mas esse prejuízo todo já está me custando cerca de 25 mil dólares só com limpeza e conserto”, detalhou John, ressaltando que sua situação ainda poderia estar muito pior. “Encontraram um dos meus melhores amigos morto, preso em uma árvore, cinco dias após a tempestade”, lamentou.

John Hockenberry mostra até onde a água atingiu sua loja
John Hockenberry mostra até onde a água atingiu sua loja
Foto: Karen Lemos / Terra

“Nós temos inundações a cada dois anos por causa de um rio que passa aqui perto, mas eu nunca vi algo como isso. Dizem que é uma inundação milenar”, completou o americano.

Além de comércios destruídos, o Terra também flagrou árvores caídas durante o trajeto até Asheville, muitos caminhões com água potável no caminho – já que muitos seguem sem água até hoje –, e muitos eletricistas trabalhando para tentar fornecer novamente, uma vez que a falta de energia também é um problema enfrentado pelos moradores da região.

Os prejuízos também afetam o turismo, já que a cidade tem uma estrutura voltada para viajantes que querem conhecer os parques e belas paisagens típicas da cidade. O governo local, inclusive, tem incentivado as pessoas a voltarem a visitar Asheville, mas o pedido veio com críticas, já que muitos moradores ainda não tem o básico para seguir com suas vidas.

Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Foto: Karen Lemos / Terra

Um dos pontos turísticos da região é conhecido como River Arts District, que costumava a ver uma vida noturna agitada, com bares, restaurantes e comércios com artesanatos. A reportagem esteve no local e a destruição é impressionante. O local agora está abandonado e o único movimento é de donos de estabelecimentos limpando e tentando recuperar algum bem deixado para trás. Foi assim que encontramos Tim Schaller, que tinha uma cervejaria no distrito. “Tivemos 4,2 metros de água aqui dentro, e todo esse equipamento aqui fora parecia um conjunto de Jenga [um jogo de empilhar madeira], tudo empilhado um em cima do outro, mas nós os retiramos. Estamos apenas tentando salvar o que podemos”, relatou.

Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Foto: Karen Lemos / Terra

A cervejaria de Tim é bem próxima do rio French Broad, que às vezes transborda, mas nunca como em setembro, após a passagem do furacão. “Quando comecei o meu negócio aqui, eu estava ciente disso, então eu construí de uma forma que pudéssemos lidar com cerca de 60 centímetros de água, e simplesmente limpar depois, por causa dos pisos de concreto, e aço inoxidável, e tudo mais. Mas eu não estava preparado para 3,6 metros extras”.

Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Foto: Karen Lemos / Terra

Ao contrário de John, Tim votou de forma antecipada (“é fácil e seguro votar, tudo o que Trump diz é besteira”, falou, indicando para quem foi seu voto), mas sustenta uma visão crítica dos políticos após a tragédia. “Eles decidiram não fazer nada até depois da eleição, e isso é só para poderem fazer as pessoas sofrerem mais, e pensarem que votarão no Trump por causa disso. Espero que sejam mais espertos”.

Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Foto: Karen Lemos / Terra
Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Destruição em Asheville após passagem do furacão Helene
Foto: Karen Lemos / Terra

Sem água, energia e internet 

Erin Leonard, que trabalha no Centro de Visitantes de Asheville, tem como uma de suas funções ajudar turistas que querem visitar a cidade, mas também ser um ponto de referência para a população em momentos de dificuldade. Foi o que ocorreu em setembro com a passagem do Helene. Após a tragédia, muitos moradores passaram a se reunir na frente do prédio; o motivo era que o local possuía uma raridade naqueles dias: energia elétrica e wi-fi, algo essencial para quem precisasse se comunicar com pessoas de fora da região e também para trabalhar. “Então, estabelecemos este centro de recuperação de negócios aqui no nosso centro de visitantes. Sabíamos que tínhamos um prédio com energia e Wi-Fi que muitas pessoas não tinham acesso”, explicou. Lá também é possível solicitar suporte financeiro para pequenos empreendimentos. “Ouvimos muito sobre empresas que tiveram seus prédios danificados ou perderam receita porque não puderam abrir. Ainda estamos sem água potável aqui na comunidade. Então, isso está tendo um impacto duradouro nas pequenas empresas, em particular, ser capaz de abrir e servir os clientes”.

Em meio a tantas perdas, é difícil para os moradores pensarem em eleição, mas Erin diz que o trabalho por lá é tentar incentivar o voto apesar de tudo. “A eleição é mais uma coisa em cima das pessoas lidando com suas lutas diárias, mas eu sei que para muitas pessoas votar é um direito importante de ter e poder votar nesta eleição, particularmente sendo uma eleição presidencial. Estamos vendo muitas pessoas comparecendo para isso, é uma eleição importante com certeza. Então estamos encorajando as pessoas aqui a saírem e votarem. Temos fornecido informações sobre os locais de votação e o que você precisa fazer em termos de comparecimento, que documentos você precisa, esse tipo de coisa”.

Fonte: Redação Terra
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